Médicos especialistas levaram preocupação para o prefeito em exercício e cobram apoio do secretário estadual de Saúde
Médicos especialistas de Dourados estão preocupados com a falta de dinheiro para socorrer pacientes de 33 municípios que dependem de atendimento de média e alta complexidade.
O motivo é o subfinanciamento da saúde pública por causa do baixo repasse de dinheiro. Para se ter uma ideia, Dourados, maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, recebe repasse per capita inferior a todas as maiores cidades do Estado. O valor é quase metade do per capita da capital e quase um terço do valor pago a Corumbá.
Profissionais de saúde, preocupados com a crise que pode se agravar ainda mais nos próximos meses e comprometer o atendimento da população de quase 1 milhão de habitantes da macrorregião, esperam socorro do secretário estadual de Saúde Geraldo Resende.
“O Geraldo é de Dourados, fala que se preocupa com a cidade, que trabalha para defender Dourados e sua gente, mas estamos recebendo menos da metade do valor per capita de Corumbá, quase metade de Campo Grande e quase metade de Três Lagoas. Cadê nosso representante?”, cobrou médico ouvido pelo Dourados Informa.
Nesta sexta-feira (11), prefeito em exercício Guto Moreira recebeu médicos de várias especialidades, preocupados com o financiamento do sistema de saúde pública da cidade.
Os profissionais pediram revisão dos repasses feitos mensalmente ao Hospital da Vida, referentes ao teto da MAC (Atendimentos de média e alta complexidade). O presidente da Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde) Jairo José de Lima também participou da reunião.
Segundo os profissionais, atualmente o Hospital da Vida tem extrema dificuldade em cumprir com a sua finalidade que é o atendimento na cooperação do SUS (Sistema Único de Saúde) oriundo de 33 municípios do sul do Estado.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde indicam que o Governo de Mato Grosso do Sul repassa mensalmente à Funsaud R$ 1,125 milhão. O teto da MAC é complementado com mais R$ 2,5 milhões do Ministério da Saúde e R$ 750 mil de repasse da Prefeitura de Dourados, totalizando R$ 4,375 milhões. O governo estadual repassa ainda R$ 550 mil mensais para o Hospital Universitário e mais R$ 13 mil para o Hospital da Missão Caiuá.
“É de conhecimento técnico e público que há subfinanciamento do nosso serviço e que essa situação vem comprometendo de forma crônica a estrutura física, médica e humana desse serviço. É preciso mostrar nossa insatisfação e reafirmar nossa posição de requerer revisão de valores no teto da MAC para que o atendimento possa ser melhorado como um todo”, disse o médico cirurgião e representante dos especialistas do Hospital da Vida Danilo Jorge Pinho Deriggi.
Dourados atende hoje pacientes e 33 municípios da região sul, o que totaliza uma população de 831 mil habitantes. Segundo os médicos, quando se calcula o repasse estadual de forma per capita, ou seja, proporcionalmente pelo número de pessoas atendidas, os valores se revelam preocupantes e extremamente defasados.
Pela tabela da Saúde Estadual, o repasse per capita de Dourados é de R$ 54,66, sendo o mais baixo, proporcionalmente, entre os maiores municípios do Estado. Campo Grande recebe média de R$ 91,53 por habitante, Três Lagoas R$ 81,16 e Corumbá, a maior média, totalizando R$ 128,40 por habitante.
O prefeito em exercício Guto Moreira disse aos profissionais que o prefeito Alan Guedes está, desde o ano passado, negociando pessoalmente a revisão da MAC diretamente com o governador Reinaldo Azambuja.
“O prefeito está me posicionando com frequência sobre essas tratativas com o governo e a informação é de que o governador está sensível a essa questão da média e alta complexidade. O prefeito Alan Guedes e eu acreditamos que em breve teremos avanços consideráveis nessa questão”, disse Guto Moreira.