Lia Nogueira admite “jeitinho” e diz que servidora corria risco de morte

Lia Nogueira justificou afirmando que assessora corria risco de morte (Divulgação)

A vereadora Lia Nogueira (PP), que ontem (6) ameaçou processar o Dourados Informa se o jornal revelasse o esquema montado por ela e pelo vereador Diogo Castilho (DEM) para internar uma assessora da Câmara sem passar pela Central de Regulação, admitiu a veracidade da informação.

Em “nota de esclarecimento” enviada ainda na noite de ontem, Lia afirmou que a servidora da Câmara Patrícia Brandão, lotada no gabinete dela, passou mal e corria risco de morte se não recebesse atendimento urgente.

Segundo a nota, Patrícia passou mal na noite de quarta-feira (5), logo após reunião por videoconferência entre Diogo Castilho, Lia Nogueira e Fábio Luis (Republicanos) com médicos lotados na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e Hospital da Vida.

“Ainda no plenarinho da Câmara, a servidora teve crises e quase desmaiou.  Diante do quadro, foi avaliada pelo vereador e médico Diogo Castilho e imediatamente levada a uma unidade de saúde”.

Segue a nota de Lia Nogueira: “Como o caso era grave e com risco iminente de morte, já que a servidora apresentava quadro de possível rompimento do apêndice, o médico decidiu encaminhar a servidora com urgência ao Hospital da Vida”.

Após isso, segundo a explicação da vereadora, Patrícia Brandão passou por todo o protocolo de entrada na unidade de saúde do SUS, como estabelece os padrões definidos pelo Ministério da Saúde.

“A direção do Hospital da Vida, administrado pela Funsaud (Fundação de Saúde de Dourados), também foi comunicada da gravidade do caso por meio de sua diretora técnica, Ângela Marin”, afirma Lia.

A vereadora explicou que o procedimento cirúrgico, chamado de “laparotomia exploradora por apendicite aguda”, foi realizado pelo médico Rogério Watanabe, e devido à gravidade do caso, o médico e vereador Diogo Castilho decidiu auxiliar na cirurgia.

“Conforme preconiza o SUS, o atendimento de urgência em casos graves, independente de quem seja o paciente, não se faz distinção de direito”, afirmou Lia.

Ela encerra a nota afirmando que após a intervenção de urgência, a servidora ficou em observação durante a noite de quarta-feira, e recebeu alta médica na manhã desta quinta-feira. “Patrícia Brandão passa bem, mas permanece em repouso em casa”.

Denúncia

Ontem, o Dourados Informa recebeu denúncia de que Diogo Castilho e Lia Nogueira usaram de influência política para internar uma paciente no Hospital da Vida sem passar Central de Regulação. Mais grave ainda é que a paciente é assessora de Lia Nogueira.

A Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde), que administra o Hospital da Vida e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) confirmou a entrada ilegal da paciente.

“A Funsaud afirma que a paciente estava acompanhada dos vereadores Lia Nogueira e Diogo Castilho e foi atendida pela médica plantonista. O procedimento correto seria a paciente dar entrada pela UPA, onde o médico faz a avaliação e depois o encaminhamento conforme a gravidade do caso. Se o profissional médico avaliar que o paciente precisa de um atendimento que não é realizado pela UPA, como uma cirurgia ou exames mais complexos, o médico insere a demanda no sistema Core. Após isso, conforme as vagas disponíveis e baseado em critérios técnicos, a equipe reguladora libera a vaga para o paciente em questão”, explicou a fundação.