Tania Cristina afirmou que foi impedida de vistoriar espaço na Escola Loide Bonfim Andrade após falas de Ana Paula na Câmara
A vereadora Tania Cristina (PP) denunciou ter sido impedida de vistoriar sala onde supostamente é ministrada aula de robótica na Escola Municipal Loide Bonfim Andrade, no Jardim Água Boa, logo após a secretária de Educação de Dourados, Ana Paula Benitez Fernandes, ter passado ao menos 4 horas na Câmara de Vereadores prestando esclarecimentos.
Em vídeo, a vereadora mostra que na Escola Januário, onde deveria existir a sala, só existe monte de terra. Depois, tentou verificar a sala na Escola Loide e foi impedida de entrar (veja as imagens acima).
Segundo a parlamentar, o objetivo da visita à Escola Loide era justamente comprovar informação apresentada pela gestora educacional do município.
“Ficamos mais de 4 horas com a secretária de Educação do município. Já tínhamos tentado convocar ela duas vezes, porque a convite ela não iria e a base aliada do prefeito derrubou a segunda tentativa. Ficamos quatro horas vendo prestação de contas que não tinha o que a gente queria saber, sobre educação especial, reajuste salarial dos professores e robótica. Desses três itens, ela não disse absolutamente nada”, explicou Tania ao Dourados Informa.
A vereadora revelou ter questionado Ana Paula especificamente sobre o funcionamento da robótica na rede municipal de ensino, já que no início deste mês a Megalic Ltda., que recebeu R$ 8,75 milhões da Prefeitura de Dourados pelo fornecimento de kits de robótica e capacitação de servidores municipais, foi alvo da Operação Hefesto, deflagrada pela Polícia Federal para desarticular organização criminosa suspeita de praticar crimes de fraude em licitação e lavagem de dinheiro em Alagoas.
“Perguntei se já estava funcionando e quais as escolas beneficiadas. Ela enrolou na resposta e disse que será instalado em 24 escolas e que nove já estavam funcionando, inclusive citou nomes da Escola Januário [Pereira de Araújo] e Loide. Saí da Câmara e fui fiscalizar. Fui na Januário, fui muito bem atendida e me mostraram a robótica, que era só um monte de terra feito por uma máquina que derrubou o muro da escola. Não tem robótica onde ela disse que teria”, denuncia.
A vereadora diz que o problema ficou ainda maior na Escola Loide Bonfim Andrade, porque não foi possível sequer ter acesso à sala onde supostamente são ministradas as aulas com os robôs que custaram R$ 8,7 milhões aos cofres públicos municipais.
“Me apresentei na portaria e a recepcionista me levou ao diretor Diogo. Fui só para conhecer a robótica e pedi para ele mostrar. Ele recusou, questionou o motivo e disse que a robótica estava passando por ajustes. Mas eu queria apenas olhar as instalações. Ele negou, disse que teria de ser agendado. Falei do papel de fiscalizadora amparada por lei para fazer a vistoria sem necessitar de agendamento, como já fui em várias unidades de saúde. Mas a diretora-adjunta veio alterada dizendo que eu estava causando transtorno. Disseram que eu alterei voz e isso não aconteceu”, relata.
Diante da negativa, a parlamentar entrou em contato com o advogado com base na legislação municipal que ampara o trabalho legislativo, foi orientada e acionou a Guarda Municipal. Mesmo assim, não houve avanço.
“Eu disse que iria filmar. O Diogo disse que eu poderia entrar sem o telefone e a adjunta disse que não autorizava a minha entrada. A Guarda Municipal disse que eu tinha que entrar em um acordo e no caso de negativa buscar os meios legais. Fui barrada, não pude entrar. Se a secretária municipal de Educação disse para os vereadores que aquela escola tinha robótica, por que eu não pude ver? Em resumo, não está funcionando, não tem robótica na cidade. O que me preocupa é a secretária ficar 4 horas com as autoridades do município e não apresentar um dado novo”, afirma.
Tania Cristina informou que vai buscar os meios legais para garantir o livre exercício da função legislativa. “Vamos procurar a lei. Se um vereador não pode entrar em um prédio público, estamos sendo proibidos de exercer a nossa função. Se for para ter vereador só para falar sim, sim, sim, não precisa de vereador”, desabafa.
Outro lado
Segundo a Prefeitura de Dourados, as escolas e Ceims de Dourados estão à disposição de todos os vereadores e também da população. “O que não se pode tolerar é que, por questões políticas, parlamentares esqueçam a ética e o respeito e atuem apresentando comportamento destemperado e agressivo. Na escola Loide Bonfim, por exemplo, a vereadora em questão agiu com truculência e falta de respeito aos profissionais da educação. Forçou a entrada em horário de saída dos alunos e tumultuou o andamento das atividades”, afirmou a prefeitura em nota enviada pela assessoria de comunicação.
A prefeitura continua: “cabe destacar que a vereadora, com tal comportamento, ignora e despreza o trabalho sério dos professores, coordenadores e diretores”.
Quanto ao projeto da robótica, segundo a prefeitura, trata-se de um programa sério que está em funcionamento, já com boa parte das salas prontas e mobiliadas. “Os professores foram e estão sendo capacitados frequentemente, desde o ano passado, para inovar o ensino com os estudantes. Também são falsas ou maldosas as alegações da vereadora que diz não saber onde estão os robôs ou o sistema de robótica, pois é público e notório que a parlamentar foi servidora comissionada da gestão nos últimos dois anos e convivia diariamente na rotina da prefeitura, e a Câmara Municipal dispõe de vasta documentação acerca do programa municipal de robótica”.
Conforme a prefeitura, “importante ainda salientar que toda aquisição, implementação e desenvolvimento do programa municipal de robótica tem toda documentação disponível às autoridades, sendo que desde o início do processo o Ministério Público Federal foi oficiado com todos os documentos. Importante destacar também que a própria Câmara de Vereadores abriu uma CPI para investigar o processo e o trabalho acabou sendo arquivado”.
“Por fim, é lamentável ver uma parlamentar agindo por vingança por que não foi atendida como esperava pelo Executivo municipal, agindo em total desrespeito às regras de boa convivência e cortesia, tão importantes ao decoro parlamentar”.