A capacidade de armazenagem agrícola nacional avançou nos seis primeiros meses do ano. O crescimento registrado foi de 5,4%, chegando a 222,3 milhões de toneladas, de acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de estabelecimentos de armazenagem cresceu 3,5% em relação ao último semestre de 2023, totalizando 9.424 unidades armazenadoras mapeadas.
A pesquisa também revelou que, dentre os produtos agrícolas, cinco concentram 96,1% do total estocado (em toneladas):
soja: 43,3 milhões
milho: 32,7 milhões
arroz: 5 milhões
trigo: 2,6 milhões e
café: 0,8 milhão
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Safra cheia pode levar a colapso na armazenagem
Apesar do acréscimo identificado pelo IBGE, a infraestrutura de estocagem brasileira continua deficitária. O presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos (CSEAG), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Paulo Bertolini, revela a gravidade do cenário para o agronegócio.
“A Abimaq tem avisado isso para o governo, principalmente, num risco de um colapso logístico pós-colheita e isso é muito iminente. E, se São Pedro der um empurrãozinho, de ter uma colheita boa no Brasil inteiro, há um risco muito sério de um colapso”, afirma.
Nesta safra 2024-2025, as condições climáticas devem ser favoráveis às culturas no campo. A última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que a produção de grãos aumentará 8%, totalizando 322,5 milhões de toneladas. Isso pode agravar o déficit da armazenagem. Para amenizar o quadro, é necessário um plano robusto de financiamento.
“Só para acompanhar o crescimento da produção brasileira, que cresce em média 10 milhões de toneladas a cada ano, seria necessário investir R$ 15 bilhões anualmente em armazenagem, isso é só para acompanhar, não é para tirar o déficit que já existe e está aí na casa dos R$ 120 bilhões”, afirma Bertolini.
O governo federal destinou R$ 7,8 bilhões do atual Plano Safra ao Programa para a Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), os recursos superaram em 17,4% o montante da temporada 23-24, quando foram liberados R$ 6,6 bilhões. A iniciativa foi elogiada por diversos setores do agronegócio, mesmo que ainda distante do ideal.
Para Bertolini, as linhas de crédito devem estimular a instalação de silos dentro das propriedades, o que reduz a dependência dos produtores rurais por armazéns da indústria. Ele ressalta também a importância da redução da burocracia para implantação dessas estruturas nas fazendas.
“Às vezes, você tem um trator que custa R$ 2 milhões, uma colheitadeira de R$ 2 milhões e para você conseguir um financiamento nesse valor, basta um aval. Já para construir uma estrutura de silo é (preciso) hipoteca, licença de instalação ambiental, licença prévia de instalação e, depois, licença de operação. É uma complicação enorme que dificulta muito a vida desse agricultor”, diz o presidente da câmara setorial.