Mato Grosso do Sul enfrenta um déficit estrutural de 11,1 milhões de toneladas na capacidade de armazenagem de grãos, segundo o estudo técnico “Capacidade de Armazenamento de Grãos de Soja e Milho do Mato Grosso do Sul – 2025”, elaborado pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS).
O levantamento, realizado com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do SIGA/MS, revela que o Estado produz, em média, 22,9 milhões de toneladas de soja e milho por safra, mas possui capacidade para armazenar apenas 16,4 milhões de toneladas.
O déficit representa uma defasagem de 67,8% em relação à capacidade ideal recomendada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que orienta uma estrutura 20% superior ao volume total produzido.
De acordo com o estudo, 73 dos 78 municípios analisados apresentam déficit de armazenagem. A situação é mais crítica em regiões de alta produtividade, como Maracaju, Ponta Porã, Rio Brilhante, Aral Moreira e São Gabriel do Oeste.
“O déficit de armazenagem é um gargalo que compromete a competitividade do nosso produtor. Sem espaço suficiente para estocar, ele é obrigado a vender logo após a colheita, muitas vezes em condições desfavoráveis de mercado”, aponta o presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michelc.
O estudo mostra ainda que a capacidade de armazenamento está concentrada em poucos municípios. Os cinco maiores detêm 49% da capacidade total, mas apenas 38% do volume de produção do estado, o que indica que muitas regiões produtoras ainda carecem de estrutura adequada.
“A competitividade do agronegócio sul não depende somente das operações que ocorrem dentro da fazenda, mas também da eficiência logística e da capacidade de armazenar nossa produção. Esse déficit significativo na capacidade de armazenamento de grãos expõe nossa vulnerabilidade. Sem silos suficientes para guardar a produção de soja e milho, todo o esforço e tecnologia aplicados no campo podem ser perdidos, onerando o produtor e reduzindo nossa competitividade no mercado“, explica o assessor técnico da Aprosoja/MS, e responsável pelo estudo, Flavio Faedo Aguena
Com os investimentos previstos em infraestrutura, como a Rota Bioceânica e a expansão da malha ferroviária e hidroviária, Mato Grosso do Sul tem a oportunidade de se tornar um dos pólos logísticos mais eficientes do país.
“O futuro do Estado depende de uma rede de armazenagem moderna e estrategicamente distribuída. Essa infraestrutura permitirá que o produtor tenha mais poder de decisão na comercialização, diminuindo custos e a dependência do transporte rodoviário”, reforça Jorge.
A Aprosoja/MS defende que o diagnóstico apresentado sirva de base para políticas públicas e investimentos privados voltados à expansão da armazenagem. A entidade reforça que ampliar essa infraestrutura é fundamental para garantir a sustentabilidade da produção e fortalecer o protagonismo do Mato Grosso do Sul no agronegócio nacional.