Entre as variações mais significativas no intervalo anual, destacam-se os produtos relacionados a hortifrúti, proteínas e importados (Imagem: Reprodução)
A inflação que tem tirado o sono dos brasileiros nos últimos meses vai influenciar também o almoço de Páscoa. Ainda que a composição total dos itens tenha subido menos do que a inflação, o preço dos alimentos tradicionais para a data vai deixar a refeição em família mais salgada para os brasileiros.
Na passagem entre abril do ano passado e março deste ano, a FGV (Fundação Getulio Vargas) revela que o índice global de preços subiu 9,18%. No mesmo período, os itens que fazem parte da refeição de Páscoa apresentaram alta de 3,93%.
Entre as variações mais significativas no intervalo anual, destacam-se os produtos relacionados a hortifrúti, proteínas e importados. A couve (+21,5%), a batata-inglesa (+18,4%), a sardinha em conserva (+16,4), o azeite (15,4%), a azeitona (+14,4%) e o bacalhau (+11,5%) respondem pelos maiores saltos de preço.
A taxa inferior em relação à contabilizada no ano passado é motivada pelo preço do arroz, que recuou 12,2% no intervalo entre as análises. Sem o impacto, os cálculos mostram que a inflação dos itens de Páscoa seria de 9,8%.
O dado confirma a trajetória apresentada também pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que indica queda no preço do grão ao longo de todos os últimos 14 meses. Ainda assim, o preço do arroz está 56% mais alto do que o cobrado em fevereiro de 2019.
Para Matheus Peçanha, economista e pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a inflação da Páscoa ocorre em meio a uma “tempestade perfeita”, com problemas climáticos e a forte valorização do dólar ante o real no período de 12 meses que a pesquisa abarca.
“O novo problema de monções em 2022 e o fim da seca generalizada fizeram os hortifrútis assumir o protagonismo da inflação e permitiram ao arroz devolver boa parte do aumento sofrido no ano anterior”, analisa o pesquisador.