Após uma semana anterior de boa movimentação, o mercado interno de soja no Brasil perdeu força nos últimos dias, em parte por conta do feriado prolongado entre sexta-feira e segunda. Segundo a consultoria Safras & Mercado, os produtores optaram por se afastar temporariamente das negociações, à espera de melhores condições de venda.
Contratos futuros da soja
Os contratos futuros em Chicago registraram queda, enquanto o dólar se manteve relativamente estável, oscilando entre R$ 5,85 e R$ 5,90. Os prêmios de exportação também cederam. Ainda assim, em meio à entrada da safra brasileira e à incerteza gerada pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, os preços continuam atrativos para o produtor rural.
Segundo Rafael Silveira, consultor da Safras & Mercado, os preços seguem em patamares interessantes, mas o comportamento do vendedor mudou. “O spread pedido pelo produtor aumentou. Ele está mais cauteloso, atento ao cenário internacional. Após ter aproveitado boas oportunidades de venda recentemente, agora prefere esperar por valores mais firmes”, afirma.
Como ficaram os preços da soja no Brasil?
Passo Fundo (RS): R$ 132,00/saca
Santa Rosa (RS): R$ 133,00/saca
Porto de Rio Grande (RS): R$ 138,00/saca
Cascavel (PR): R$ 131,00/saca
Porto de Paranaguá (PR): R$ 137,00/saca
Rondonópolis (MT): R$ 119,00/saca
Dourados (MS): R$ 123,00/saca
Rio Verde (GO): R$ 119,00/saca
Guerra comercial favorece Brasil
Durante palestra no 9º Safras Agri Week, Rafael Silveira destacou que a guerra comercial deflagrada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump segue trazendo vantagens para o Brasil. “Essa disputa tarifária abriu portas importantes para a soja brasileira no mercado internacional”, aponta.
Na safra 2024/25, o Brasil deverá ultrapassar 170 milhões de toneladas, com ganhos expressivos de produtividade, especialmente em estados como Mato Grosso. Por outro lado, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul enfrentaram problemas mais severos.
Os preços no mercado interno estão considerados altos, e há possibilidade de alta adicional, caso os produtores dos EUA reduzam ainda mais a área plantada.
Óleo e farelo
O mercado de farelo e óleo de soja apresenta pouca variação, mesmo com a safra brasileira próxima da conclusão. Gabriel Viana, também da Safras & Mercado, explica: “Normalmente o preço cai nessa fase de colheita, mas isso não ocorreu. A margem de esmagamento será decisiva nos próximos meses”.
Na Argentina, a colheita começou com certo atraso por conta das chuvas. Ele prevê forte volatilidade nas cotações internacionais e aconselha os produtores a aproveitarem as janelas de oportunidade. “Com a entrada intensa da soja argentina e brasileira em maio, é provável que os preços recuem”, conclui.