O Rally da Safra 2022 encerra seus trabalhos de campo ao mesmo tempo que o milho segunda safra ganha mais relevância no sistema produtivo brasileiro. O milho assume protagonismo a partir do crescimento absoluto de área plantada e investimentos, o que vem ajudando a garantir renda ao produtor.
O bom início da safra 2021/22, com investimentos elevados em tecnologia e o plantio mais adiantado da história – como ocorreu no estado do Mato Grosso, maior produtor nacional de milho segunda safra – era indicativo de uma safra promissora.
“O ritmo da implantação das lavouras foi preponderante para determinar o quanto alguns estados se mostraram próximos de atingir o máximo potencial produtivo”, afirma André Debastiani, coordenador do Rally da Safra. No Mato Grosso, 80% das áreas de milho segunda safra foram implantadas dentro do calendário ideal ou de baixo risco. No entanto, o término precoce das chuvas em abril frustrou a safra em várias regiões.
Ainda assim, conforme estimativa da Agroconsult, organizadora do Rally, a produção de milho segunda safra subiu para 89,3 milhões de toneladas – um aumento de 1,7 milhão de toneladas sobre a projeção divulgada em 18 de maio. Nesta revisão foram incluídas mudanças nas projeções de produtividade com base nas análises de campo e nos resultados iniciais da colheita, além de um ajuste que elevou a estimativa de área plantada em 560 mil hectares, chegando a 16,4 milhões de hectares (11,5% acima da safra anterior). A safra total de milho poderá chegar a 114,8 milhões de toneladas, volume 30,9% superior à safra passada.
Em Mato Grosso as análises feitas pelas equipes do Rally mostram um aumento de 10% na população de plantas e de 22% no número de grãos por hectare. Com isso, o estado atinge uma projeção de produtividade de 102,3 sacas por hectare (7,8 sacas a mais que na safra anterior).
No Paraná, a estimativa de produtividade alcança 93,2 sacas por hectare, 113% acima da safra anterior, e a estimativa de área cresceu e chega agora a 2,7 milhões de hectares. Mato Grosso do Sul apresenta projeção de 90,8 sacas por hectare, com índice de crescimento similar ao do Paraná. Goiás, com 83,5 sacas por hectare, aponta para alta de 23% na produtividade em relação à safra passada.
Soja
Com relação à soja, a estimativa de produção da Agroconsult subiu para 126,9 milhões de toneladas, 2,3 milhões de toneladas acima do divulgado ao final da etapa soja do Rally, em 17 de março último. “Na época, nossas projeções eram maiores que os números oficiais. E, diante de uma safra em condições irregulares por conta do clima, empresas e instituições que projetavam uma safra menor passaram a se aproximar do número do Rally. Agora estamos subindo novamente nossos números”, explica Debastiani. A estimativa de área aumentou de 40,8 milhões para 41,3 milhões de hectares, o que representa agora um crescimento de 5,5% em relação à safra passada.
Apesar do bom início e do alto investimento de tecnologia, essa safra deverá ser marcada por uma perda de pelo menos 40 milhões de toneladas de grãos por conta do clima irregular ao longo do desenvolvimento das lavouras. Segundo estimativas da Agroconsult, a produção brasileira de grãos da safra 21/22 deverá alcançar 272 milhões de toneladas. “A safra de 300 milhões de toneladas já foi plantada no Brasil, ela só não foi colhida nessa temporada por conta do clima irregular, mas certamente a alcançaremos em breve”, diz André Pessôa, CEO da Agroconsult.
Nesta 19ª edição do Rally da Safra, 25 equipes percorreram mais de 60 mil quilômetros em 11 estados. A etapa soja aconteceu entre janeiro e março. Já a etapa de avaliação do milho segunda safra começou em 15 de maio, quando as duas primeiras equipes percorreram o Oeste e o Médio-Norte do Mato Grosso. Outras duas avaliaram lavouras no Sudeste do Mato Grosso, Norte de Mato Grosso do Sul e a região Sudoeste de Goiás. O Sul de Mato Grosso do Sul e o Oeste do Paraná foram as duas últimas regiões visitadas pelos técnicos. Foram coletadas amostras em mais de 1.500 lavouras.