Aliny Fernandes*
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é considerado um divisor de águas na vida de muitos jovens brasileiros, representando a principal porta de entrada para o ensino superior público. No entanto, a realidade mostra que o acesso a essa oportunidade não se dá de forma igualitária, evidenciando um abismo entre estudantes de escolas públicas e privadas.
Um dos principais obstáculos enfrentados pelos alunos da rede pública é o desinteresse, refletido na queda preocupante do número de inscritos. Fatores como a pandemia, a crise econômica e a falta de perspectivas futuras contribuem para esse cenário. A disparidade se torna ainda mais evidente ao analisarmos o desempenho na redação, onde a diferença de notas entre alunos de escolas públicas e particulares é gritante. Dos 60 pontos máximos, apenas 4 (cerca de 6%) foram alcançados por estudantes da rede pública.
As dificuldades estruturais também desempenham um papel crucial nesse contexto. A falta de investimento em tecnologia e inovação, a precariedade na formação de docentes e a violência nas escolas afastam os alunos da realidade do Enem. O relatório do Todos Pela Educação revela a discrepância no nível de aprendizado. Enquanto 74,6% dos alunos da rede privada demonstram aprendizado adequado em Língua Portuguesa, o índice despenca para 31% na rede pública. Em Matemática, a diferença é ainda mais alarmante: 41,3% contra 5,2%.
É importante destacar que o Enem é gratuito para quem cursou todo o ensino médio em escola pública ou como bolsista integral em escola privada, além de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Diante dessa realidade, a necessidade de investimentos e políticas públicas que promovam a equidade no acesso à educação se torna urgente. Garantir uma educação de qualidade para todos, independentemente da origem social, é fundamental para a construção de um país mais justo e desenvolvido.
(*) Aliny Fernandes é jornalista, pedagoga e neuropsicóloga em formação.