O Colégio María de Guadalupe, em Buenos Aires, na Argentina, ganhou, nesta quarta-feira (24), o “Prêmio Melhores Escolas do Mundo 2024" (World's Best School Prizes, no nome original, em inglês), na categoria de colaboração comunitária.
A instituição, que venceu a representante brasileira na final (Escola Estadual Deputado Pedro Costa, de São Paulo), destaca-se pelo ensino profissionalizante de alunos de baixa renda — e oferece até "bolsas de trabalho" após a conclusão no ensino médio.
"A partir do 5º e do 6º ano, os jovens começam a participar de mentorias: recebem apoio de profissionais, de personalidades [conhecidas] e de voluntários para criar o futuro que desejam", conta ao g1 Mercedes Henderson, coordenadora-geral de desenvolvimento institucional.
A outra escola que também participou da disputa foi a Salomé Ureña Leadership Academy MS 322, em Nova York, nos EUA, reconhecida por auxiliar filhos de imigrantes na adaptação à língua inglesa e por integrar toda a comunidade nas atividades educativas. Até a última atualização desta reportagem, não havia sido divulgada a classificação com o segundo e o terceiro colocados.
O prêmio é da T4 Education, uma plataforma global que reúne uma comunidade de mais de 200 mil professores de mais de 100 países com o objetivo de transformar a educação no mundo.
O vencedor de cada categoria (Colaboração Comunitária, Inovação, Superação de adversidades, Ação ambiental e Apoio a vidas saudáveis) ganhou um prêmio de 10 mil dólares (cerca de R$ 55 mil).
A seguir, veja mais detalhes do trabalho desenvolvido em Buenos Aires
Colégio María de Guadalupe, em Buenos Aires: ajudando alunos pobres a planejarem futuro e serem bons profissionais
O Colégio María de Guadalupe tem 700 alunos, da educação infantil até o ensino médio, e localiza-se em Las Tunas, um bairro pobre do município de Tigre, em Buenos Aires. Mesmo com todas as adversidades — 62% das famílias dos estudantes vivem em moradias precárias—, o índice de evasão (ou seja, de desistência dos estudos) foi zerado na instituição de ensino.
Principal missão: capacitar profissionalmente estudantes em situação de vulnerabilidade econômica e formá-los com habilidade de pensar criticamente, resolver problemas, ter empatia e ser bons ‘cidadãos digitais’.
Estratégias: Combinar o aprendizado acadêmico com o desenvolvimento profissional, de forma que os alunos consigam futuramente boas colocações no mercado de trabalho e tragam avanços para a comunidade.
A escola oferece também o Programa de Inclusão Laboral, no qual alunos que acabaram de se formar participam de atividades como: aulas de informática voltadas para empregabilidade, elaboração de projetos pessoais, desenvolvimento de linguagem corporal, cursos de liderança e de comunicação assertiva, educação financeira e treinamento para formular currículos e fazer entrevistas.
Catalina Ferreccio, líder do programa, conta o caso de Débora, uma aluna que tinha problemas de comportamento e que, aos poucos, aprendeu na escola a controlar suas ações, a se relacionar melhor com a família e a ser menos impulsiva.
"A Débora participou das mentorias e do nosso processo de orientação vocacional. Com um acompanhamento mais individual, conseguiu uma bolsa na Universidade de San Isidro, onde está estudando licenciatura em administração e negócios", diz Ferreccio.
Outros diferenciais:
A escola propicia espaços de apoio temáticos e personalizados para a aprendizagem de matemática e de linguagens.
Há oficinas de jardinagem, esportes e robótica para as crianças.
Os alunos participam de eventos que fortalecem os laços com a comunidade, como semana das artes, feira do livro e feira de ciências.
As famílias são sempre amparadas e convidadas a participar de encontros e reflexões. Segundo o colégio, 62% dos pais vivem em moradias precárias.
No ensino médio, os jovens podem optar por dois itinerários formativos, entre as seguintes opções: programação digital, produção de audiovisual, administração e meio ambiente.
As aulas costumam ser baseadas em projetos interdisciplinares.
Por meio de uma parceria com empresas, esses egressos podem receber “bolsas-trabalho” – com auxílio financeiro e acompanhamento personalizado durante 1 ano, profissionais da escola ajudam os jovens a se adaptarem ao mercado.