Pedidos de investigação contra o Delegado-geral da Polícia Civil Adriano Geraldo Garcia (Imagem: Divulgação)
Em menos de 24 horas dois pedidos de investigação contra o Delegado-geral da Polícia Civil Adriano Geraldo Garcia foram registrados no Ministério Público de Mato Grosso do Sul. O primeiro, pede a investigação do chefe da instituição com o jogo do bicho e o segundo cobra o afastamento dele do cargo.
Conforme apurado pela reportagem, a Ouvidoria do Ministério Público recebeu na terça-feira (9) e confirmado ontem (10) pedido de investigação sobre o envolvimento de policiais civis, incluindo o próprio delegado-geral, no esquema de favorecimento a um grupo que tenta dominar o jogo do bicho em Campo Grande.
Segundo nota oficial do MP, assim que a manifestação chegou ao órgão foi encaminhada à Supervisão das Promotorias de Justiça Especializadas para distribuição a uma das Promotorias de Justiça com atribuição na área do Patrimônio Público e Social. Detalhes da denúncia não foram divulgados.
Na tarde de ontem (10), o vereador Tiago Vargas distribuiu nota á imprensa informando que também procurou o Ministério Público e a própria Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), para pedir o afastamento de Adriano do cargo de delegado-geral. Para ele, o Garcia “não tem condições éticas e morais para estar à frente da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul”.
As denúncias surgem após a divulgação de uma discussão entre Adriano e a delegada Daniela Kades, durante reunião interna. Na ocasião, ela se recusou a revelar ao chefe a identidade de criminosos investigados pela Operação Omertà sob justificativa de que “não confiava na polícia”.
Após o episódio, a delegada passou a responder a um inquérito policial e chegou a ser chamada para prestar depoimento na Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado). Administrativamente, ela é investigada ainda por “insubordinação grave em serviço”, em processo instaurado pelo corregedor-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
Depois do fato, a delegada tem enfrentado “repressão”, como fiscalização dos inquéritos policiais e plantões extras. Outras reclamações contra a administração do atual chefe da Polícia Civil também chegaram ao Campo Grande News. Policiais citaram as frequentes ações da Operação Deu Zebra, que visa justamente o combate ao jogo do bicho, como empecilho para investigações, já que as equipes são desviadas das delegacias para fazer “batidas” às bancas de jogos ilegais.
Procurado pela reportagem, o secretário da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), Antônio Carlos Videira, afirmou que Adriano Garcia continua à frente da delegacia-geral, com autonomia para decidir. No entanto, no caso da investigação Omertà, ele se torna impedido de qualquer decisão após a investigação.
"Não é um afastamento, é uma arguição de suspeição. Ele não vai receber procedimento e aplicar pena sobre esse processo, mas continua com suas atribuições normais a frente da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul", afirmou.
Nesta quinta-feira (11), no DOE (Diário Oficial do Estado), a Sejusp publicou a designação da delegada Rozeman Geise Rodrigues para substituir Adriano Garcia, durante período férias, de 16 a 30 de novembro.
Caso – Depois de recusar a citar nomes de investigados na reunião, a delegada Daniela Kades afirmou que “não confia na polícia”, se referindo à série de denúncias de corrupção dentro dos órgãos de segurança pública feita pela própria força-tarefa da Operação Omertá. Agentes da Polícia Civil (investigadores e delegados), guardas municipais, policiais militares e policial federal foram presos nas ações.
Em áudio obtido pelo Campo Grande News, é possível ouvir que o começo da discussão se refere justamente as consequências das investigações que, em 2019, desarticulou grupo criminoso apontado como responsável por pelo menos sete execuções na Capital.