Nem mesmo lâmpadas com luz solar foram capazes de acabar com a escuridão que coloca vidas em risco na rodovia entre Dourados e Itaporã
Trecho da MS-156 totalmente no escuro; problema existe desde que duplicação foi inaugurada (Imagem: A. Frota)
Já se passaram mais de dez anos da duplicação da MS-156, no trecho de 18 quilômetros entre Dourados e Itaporã. A obra, feita durante os dois governos de André Puccinelli (2011-2014), resolveu grave problema de tráfego entre as duas cidades e reduziu consideravelmente número de acidentes.
Entretanto, outro problema parece não ter solução: a escuridão que persiste, mesmo com todo o dinheiro público investido no último mandato de Puccinelli (MDB) e nos quase dois mandatos seguidos de Reinaldo Azambuja (PSDB).
Em agosto de 2011, no primeiro ano do segundo mandato, Puccinelli anunciava que “com certeza” a rodovia seria iluminada. Naquela época, a estrada já estava no breu total há seis meses.
De lá para cá o comando do Estado mudou para as mãos de Reinaldo Azambuja, mas o problema nunca teve solução definitiva.
Em agosto de 2019 a Secretaria Estadual de Infraestrutura formalizou contrato de R$ 339,9 mil com a A&A Construtora e Incorporadora, que assumiu a manutenção preventiva e corretiva nas instalações de iluminação pública da MS-156 pelo prazo de 12 meses.
Em abril deste ano, o Governo de Mato Grosso do Sul abriu outra licitação através da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) para contratação de empresa para substituir as luminárias existentes no trecho da MS-156 por iluminação de LED com fonte solar.
Em junho, a Agesul anunciou a GTX Construtora e Serviços como vencedora da licitação. A empresa propôs substituir o sistema por lâmpadas de led com fonte solar ao custo de R$ 618,9 mil no prazo de 90 dias após a ordem de serviço.
Mas não adiantou. Antes a alegação era de que a rodovia ficava no escuro por causa do furto dos fios da rede elétrica, mas nem as lâmpadas com fonte solar foram suficientes.
Moradores das duas cidades afirmam que nem mesmo quando as novas lâmpadas estavam funcionando havia iluminação suficiente. “Nunca teve iluminação decente. Mesmo quando essas lâmpadas foram colocadas, continuava tudo escuro”, reclama morador.
Segundo os usuários da rodovia, os riscos são ainda maiores no trecho que corta a Reserva Indígena de Dourados, onde centenas de moradores de moto, carro, bicicleta e carroça disputam espaço com carros e caminhões.
Na semana passada, o Dourados Informa percorreu a rodovia para constatar o que todos já sabem: a MS-156 continua no escuro, mesmo com todos os investimentos.
Veja o vídeo da escuridão:
Explicações
Através da assessoria de imprensa, a Agesul informou que a duplicação havia sido feita (assim como a iluminação) há mais de 15 anos e que o valor da licitação mais recente não foi pago.
“Trimestralmente eram realizadas as manutenções da iluminação e o maior prejuízo e transtorno era decorrente dos furtos de fios. Para evitar tanto esse tipo de ação, como para garantir a sustentabilidade, a Agesul realizou a troca por iluminação por energia solar. Porém, a empresa licitada não atendeu o edital, no que se refere a questões técnicas, e por isso o valor do contrato (R$ 618 mil) não foi pago. Atualmente, uma nova aquisição de lâmpadas foi feita pela empresa licitada e o material está em análise no laboratório especializado”, afirma a agência.
Ainda segundo a Agesul, caso seja constatado que as luminárias não atendem às especificações será rescindido o contrato e realizada nova licitação. Conforme o órgão estadual, no ano passado foram gastos R$ 500 mil com manutenção e consumo de energia para o funcionamento da iluminação da rodovia.