Indígena de 43 anos de idade foi ferido com tiro na perna esquerda na tarde deste domingo (15) durante nova onda de ocupações no município de Douradina. A suspeita é de que o tiro tenha sido disparado por um dos proprietários rurais ou seguranças contratados por fazendeiros.
O local do confronto faz parte da Terra Indígena Panambi/Lagoa Rica, de 12 mil hectares, delimitada em 2011, mas cujo processo de demarcação está paralisado.
Em notas e vídeos divulgados ontem à noite nas redes sociais, a Aty Guasu (Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani) denunciou que fazendeiros armados atacaram os indígenas do tekoha “Guayrakamby”i, que na noite anterior teriam “retomado” parte das terras.
“Solicitamos urgente ajuda e que o Estado garanta nossa segurança, pois estamos em nosso território ancestral. Eles estão atirando para matar e prometendo um massacre. Estamos pedindo, urgentemente, socorro", diz a Aty Guasu.
Ao site Campo Grande News, a Polícia Militar informou que no período da manhã deste domingo, proprietários rurais denunciaram movimentação dos indígenas no entorno da Fazenda Lagoa Rica. Segundo a denúncia, o grupo estaria armado com facões e flechas e montando barracos na área em litígio.
Policiais militares foram ao local para evitar confronto e quando chegaram encontraram em torno de 15 pessoas, de fato armadas com ferramentas e flechas, mas nenhum barraco estava sendo montado. A equipe então retornou para Dourados.
À tarde, os proprietários rurais voltaram a entrar em contato com a PM, dessa vez para denunciar que os indígenas teriam bloqueado estradas de acesso às fazendas e que estariam ameaçando quem passasse pelo local. Também relataram terem ouvido tiros.
Novamente a Polícia Militar se deslocou até a fazenda e quando ainda estava no caminho, foi informada que o indígena havia sido baleado na perna e socorrido pelos próprios companheiros até o Hospital da Vida, em Dourados. Os policiais foram ao local do confronto, mas não havia mais ninguém. Os bloqueios também tinham sido desmontados.
Houve incêndio na palha de lavouras no entorno da área em disputa. Os indígenas denunciaram que o fogo foi provocado pelos fazendeiros, para expulsá-los. Já os proprietários relatam que o incêndio foi causado pelos indígenas.
Equipes da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), da Polícia Federal e do MPF (Ministério Público Federal) devem seguir ainda nesta segunda-feira (15) para o município de Douradina.