Com a participação de associações e cooperativas de catadores e catadoras, empresas, órgãos governamentais e não governamentais, o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul presidiu, na sexta-feira (29), audiência pública para debater inserção social desses profissionais.
O encontro abordou a atuação em rede e responsabilidades dos atores envolvidos nas atividades da coleta seletiva e triagem dos resíduos sólidos, além de oportunidades de geração de renda por meio da organização do trabalho em modelos apoiados pelos municípios do estado.
O evento também serviu como cenário para a apresentação dos resultados de estudo sobre o tema resíduos sólidos, elaborado pela instituição “Papel Social”.
Ao iniciar a audiência no auditório da sede do MPT-MS, o procurador do Trabalho Celso Henrique Rodrigues Fortes disse que a iniciativa faz parte de um projeto nacional da instituição, no campo da atuação preventiva e pela inclusão socioprodutiva de catadoras e catadores de materiais recicláveis.
“A questão da gestão dos resíduos sólidos ganhou muita relevância nos últimos anos, com a preocupação de todas as nações voltada à maior proteção do meio ambiente. E nós percebemos que existe um grupo de pessoas que desempenha uma função muito relevante para a sociedade nessa área, mas que nem sempre é devidamente reconhecido. Com esse projeto, buscamos conhecer a realidade dessas pessoas no Brasil, se o poder público tem adotado medidas que impactam a vida deles, como é possível melhorar a sua remuneração e a segurança do ambiente de trabalho em que atuam”, esclareceu Fortes, acrescentando que o projeto está presente nos municípios de Campo Grande e Dourados.
Durante o evento, o MPT-MS também esteve representado pela procuradora-chefe Cândice Gabriela Arosio, que imprimiu destaque à habilidade da instituição em agir como articuladora da Justiça social em questões bastante desafiadoras e sensíveis.
“Em geral, o Ministério Público atua por meio de denúncias que chegam, retratando diversos tipos de irregularidades trabalhistas. No entanto, é fundamental irmos além dessa posição de ‘apagar incêndio’ e passarmos a atuar em ações importantes como esta, que priorizam o diálogo com a sociedade na busca por soluções efetivas na vida de todos”, ponderou.
Na audiência, as vozes dos catadores e catadoras foram representadas por Daniel Arguello Obelar, presidente da rede Fortcooper, que relatou desafios enfrentados pelos profissionais da reciclagem, bem como fez apontamentos de ações que podem trazer visibilidade e reconhecimento à categoria, sem danos ao meio ambiente e gerando ganho para a comunidade por meio do fomento de novos postos de trabalho.
Já Rafael Guisso, engenheiro de materiais da empresa Intercement, abordou experiências exitosas obtidas com os rejeitos sólidos fornecidos por cooperativas de catadores instaladas no município de Campo Grande, além de apresentar alternativas criadas pela empresa, que atua no ramo da produção de cimento, às destinações de recicláveis que seriam feitas para o aterro sanitário da capital.