A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (15) a Operação Chrysós, com o objetivo de reprimir crimes de redução à condição análoga a escravos, descaminho, crimes contra as relações de consumo, crimes contra registro de marca, fabricação de substância nociva à saúde, promoção de migração ilegal e tráfico de pessoas para fim de trabalho forçado, delitos executados por organização criminosa transnacional.
A ação mobilizou policiais federais, além de servidores do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho, no cumprimento de mandados expedidos pela 1ª Vara Federal de Guaíra (PR).
No total, estão sendo cumpridos sete mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, além de ordem de sequestro de bens no valor de R$ 20 milhões. As cidades onde os mandados foram cumpridos não foram informadas.
Segundo as investigações, a organização criminosa recrutava cidadãos paraguaios por meio de contatos estabelecidos no país vizinho e os trazia ao território nacional para atuarem como mão de obra em uma fábrica clandestina de cigarros instalada no município de Ourinhos (SP).
As diligências apontaram que os cidadãos paraguaios adentravam em território nacional via terrestre, através da fronteira do Paraguai com o Paraná, principalmente a partir de Guaíra (PR), e eram conduzidos por integrantes da organização criminosa até o local onde funcionava a operação clandestina.
Durante todo o período de produção, os trabalhadores permaneciam restritos às dependências da fábrica e sem comunicação com o exterior, além de dormir em alojamentos precários, em instalações insalubres, submetidos a exaustivas e ininterruptas jornadas de trabalho.
Estima-se que a capacidade de produção da planta industrial alcance, aproximadamente, 60.000 maços de cigarro por dia. Imagens divulgadas pela PF mostram que entre os cigarros fabricados no local estão os da marca Eigth, originalmente produzidos pela empresa Tabacalera Del Este, de propriedade do ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes.
Há alguns anos a polícia brasileira já havia identificado que as organizações criminosas estão fabricando em território nacional os cigarros que antes eram contrabandeados do Paraguai.