Uma advogada, a irmã estagiária do Fórum e um irmão, apontado como integrante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), foram alvos de mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (14) em Naviraí.
Os três são investigados no âmbito da Operação Argos Panoptes, deflagrada pela Polícia Civil, acusados de vazamento de informações sigilosas sobre outra operação, a “Adsumus – Fase 2”, deflagrada no dia 7 deste mês contra traficantes da cidade.
Coordenadas pela 1ª Delegacia de Polícia Civil com apoio de outras delegacias da cidade, as buscas de hoje resultaram na apreensão de celulares da advogada e dos irmãos dela. Não houve prisão. Os nomes dos alvos não foram divulgados.
De acordo com a Polícia Civil, o vazamento foi descoberto após a análise do celular de um dos alvos da Operação Adsumus II. No dispositivo, os investigadores localizaram grupo de mensagens formado por integrantes e simpatizantes da organização criminosa. Nas conversas foram encontradas informações detalhadas sobre a data da operação e sobre o uso de do helicóptero policial.
Com base nas mensagens trocadas, os investigadores identificaram a origem da divulgação e os demais envolvidos na propagação das informações sigilosas. O vazamento teve início por meio da estagiária que atuava na Vara Criminal de Naviraí, onde tramitava o processo da operação.
Ainda segundo a polícia, ao tomar conhecimento da operação do dia 7, a estagiária repassou a informação à irmã advogada, que por sua vez avisou o irmão, responsável por divulgar os dados no grupo de mensagens. Esse indivíduo já é conhecido no meio policial por envolvimento com o tráfico de drogas e por ser simpatizante do PCC. Atualmente ele está condenado por tráfico, mas recorreu da sentença e aguarda o recurso em liberdade.
Conforme a Polícia Civil, embora quatro pessoas tenham sido presas por tráfico de drogas na Operação Adsumus II, o vazamento prejudicou os trabalhos investigativos, já que alguns alvos não foram localizados e outros, previamente alertados, conseguiram apagar dados dos celulares.
Os três irmãos envolvidos no vazamento das informações são investigados com base na Lei nº 12.850/2013, que trata dos crimes relacionados a organizações criminosas. A estagiária foi afastada da função.
Nome da operação
“Argos Panoptes” faz referência a um personagem da mitologia grega — gigante dotado de centenas de olhos espalhados pelo corpo, capaz de manter-se sempre vigilante, mesmo durante o sono, ao alternar quais olhos permaneciam abertos.
Por esse motivo, Argos simboliza a vigilância constante, sendo considerado o guardião que nada deixa escapar de sua observação. O nome foi escolhido pela Polícia Civil para representar o trabalho minucioso e atento das equipes envolvidas na investigação, que buscam esclarecer o vazamento de informações sigilosas e garantir integridade de ações futuras.