Luiz César Santos tinha 65 anos de idade e morreu hoje em Campo Grande
Por mais de quatro décadas, o nome de Luiz César Santos ocupou espaço nos arquivos da polícia como sinônimo de audácia, violência e reincidência. Aos 65 anos, morreu nesta terça-feira (15) como viveu: em confronto com a polícia, armado e disposto a tudo para não voltar à prisão.
Sua ficha criminal não era apenas extensa, mas era histórica. Poucos criminosos em Mato Grosso do Sul carregavam tamanha bagagem jurídica e simbólica: mais de 120 anos de condenações a cumprir, 19 processos apenas na Vara de Execuções Penais de Campo Grande, e crimes que iam de roubo e porte ilegal de arma até tentativa de homicídio e latrocínio. Um currículo que começou nos anos 1980 e nunca teve fim.
Ao levantar os antecedentes, a equipe de reportagem encontrou documentos que retratam a dimensão do passado dele: mandados de prisão e certidões datados dos anos 1980, muitos redigidos em máquina de escrever. Páginas amareladas, letras tortas e carimbos quase apagados evidenciam uma trajetória tão antiga que sobreviveu à passagem das décadas, às mudanças de governo e às transformações do próprio sistema de Justiça.
Vida no crime
Seu primeiro grande crime, ainda nos anos 80, foi um latrocínio cometido durante uma onda de assaltos que aterrorizava Campo Grande. Preso após intensa troca de tiros, já deixava claro o padrão que seguiria por toda a vida: jamais se render sem reagir.
A prisão não o conteve. Ainda naquela década, protagonizou uma fuga cinematográfica do Instituto Penal. Armado, rendeu agentes penitenciários e até o juiz corregedor. Conseguiu escapar, mas foi recapturado dias depois.
Entre idas e vindas no sistema prisional, Luiz César nunca abandonou o crime. Foi acusado de atirar contra policiais durante abordagens e acumulava registros em outros Estados.
Em 2024, a Justiça decretou nova ordem de prisão contra ele. E ali começava o fim: uma caçada silenciosa e minuciosa da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), que passou a realizar diligências nos arredores, até encontrar Luiz em seu esconderijo, numa casa simples no Bairro Sayonara.
Nesta segunda-feira (15), o ciclo se fechou. Luiz César saiu de casa em uma bicicleta quando foi abordado por dois policiais à paisana. Em vez de se render, apenas gritou: "Para lá (cadeia), eu não volto". Em seguida, ainda de acordo com a Polícia Civil, tentou pegar uma arma que tinha escondido por debaixo da roupa. Foi baleado antes de atirar. Levado à Santa Casa, morreu pouco depois.
A companheira dele, Oneir Dias Aparecida, também acabou presa. Contra ela havia mandado expedido pela Justiça de Rondônia, por tráfico de drogas.