Ex-deputada estadual afirmou que confusão começou porque recebeu um “mata leão” de policial
Em nota postada em rede social, a ex-deputada estadual Bela Barros afirma que as testemunhas da confusão ocorrida em frente sua casa na quinta-feira (28) desmontam a versão, segundo ela, criada pela Polícia Militar.
Atual empresária, ex-vereadora e ex-candidata à prefeita de Dourados em 2004, Bela, a filha e três convidados foram parar na delegacia após a algazarra.
Na nota, Bela afirma que pessoas que acompanharam a ação policial determinada pelo tenente da PM vizinho à residência da ex-deputada, afirmam que violência e uso excessivo da força partiu de um policial ao aplicar “mata leão” e arrastar com violência para o interior da viatura.
“A versão da Polícia Militar que teria agido com força para conter a violência praticada pela empresária e ex-deputada estadual Bela Barros e seus convidados foi desmontada por testemunhas da ocorrência. O caso agora será levado à Justiça”, afirma a nota.
Bela informou que os policiais foram ao local cumprindo ordens do oficial da PM que não estava de serviço e por se sentir incomodado teria usado da prerrogativa de superior hierárquico dos policiais para exigir ação suficiente para acabar com a celebração do aniversário da filha da ex-deputada. Todos serão denunciados por abuso de autoridade, segundo a nota.
A testemunha Mayara Pagani conta o que teria visto naquela noite: “Estávamos comemorando o aniversário de 40 anos do Peterson (genro da Bela e marido da Mariana Barros), quando por volta das 21h30, momento em que os convidados ainda estavam jantando ao som de um grupo de músicos, quando as crianças anunciaram que policiais estavam à porta da casa”.
Ela continua: “neste momento eu havia acabado de jantar e estava me levantando para ir embora, juntamente com o meu namorado, o Dr. Fernando Lamers, quando a Mariana veio e pediu para que nós conversássemos com os policiais e logo já pediu para que os músicos parassem de tocar. O que foi feito”, completa.
De acordo com a testemunha, “ao chegar na porta juntamente com o Dr. Fernando, avistamos 4 policiais militares que disseram que estavam atendendo uma denúncia de perturbação ao sossego. Então eu questionei que ainda era muito cedo e estava tendo uma festa em família com muitas crianças e que logo a festa acabaria e que inclusive, o som já estava desligado”.
Segundo a testemunha, o policial militar de nome Vanilton, começou a questionar como ela garantiria que a festa iria acabar. “Eu disse que eu não garantiria que a festa iria acabar, porque fazer festa não era proibido, e que inclusive estava liberado pelo decreto e que ali era um ambiente familiar e que provavelmente iria acabar cedo, mesmo porque o som já havia sido suspenso e não teria mais barulho para incomodar aos vizinhos”, ressalta.
Ainda de acordo com Mayara Pagani, o policial insistiu que precisava fazer a ocorrência pois estariam em flagrante delito. “Ai eu questionei, mas por qual crime? Ele respondeu que era perturbação do sossego por causa do som”, completa. “Nesse momento eu perguntei sobre o aparelho que mede os decibéis? O outro policial militar disse que de fora dava para ouvir o barulho e como somos policiais temos fé pública e podemos fazer a constatação do fato e para perturbar o vizinho não precisa ter hora”, continua a testemunha.
Outra testemunha ponderou que era uma festa familiar, que o local estava cheio de criança e que seria um excesso tentar acabar com uma comemoração sendo que o som nem mais ligado estava. Fernando, que acompanhava tudo, ponderou: “Pessoal não precisa de tudo isso! Vocês estão vendo, está um silêncio, tem muita criança, é apenas uma comemoração em família numa casa de família”.
Segundo ele, não adiantou e o PM mandou todos apresentarem documentos pessoais e mandou chamar a proprietária do imóvel.
A partir desse momento a Mariana (filha da Bela) pediu para que ela fosse colocada como autora da eventual perturbação do sossego sob o argumento que a festa foi realizada por ela e mãe só teria emprestado a casa e argumentou que sabia que teria sido o vizinho oficial da PM que chamou a guarnição. “Não podemos fazer mais nada aqui, nada! Estou indignada! estamos apenas comemorando o aniversário do meu marido, e esse cara mais uma vez estraga. Olha meu senhor, moramos aqui há mais de 30 anos, nunca tivemos problemas com vizinhos, mas, depois que esse cara mudou pra ai ao lado nossa vida virou um inferno”, reclamou Mariana aos policiais.
Percebendo que Mariana estava ficando nervosa, Mayara Pagani pediu para que fosse para dentro e chamasse Bela Barros, que ao chegar falou: “gente, por favor, porque vocês estão fazendo isso? Já desligamos o som, estamos com convidados, todos estão jantando, vamos resolver aqui mesmo”. Nesse momento, sem qualquer anunciação, o PM Vanilton que estava junto a porta, teria puxado Bela pelo braço e deu “mata leão” ao mesmo tempo que deu voz de prisão.
“Eu e o Fernando gritamos atônitos para ele parar com aquilo, que era abuso de autoridade, mas ele arrastou a Bela até camburão do outro lado da rua. Nesse momento eu fui pedir ajuda, mas as crianças já haviam chamado os pais e veio todos os convidados correndo e começaram a filmar a gritar e xingar os policiais de covardes, uma revolta geral”, narra a testemunha.
Segundo ela “os policiais em nenhum momento nos advertiram a cessar a perturbação, mesmo porque o som já havia sido desligado, também não chegaram a entrar no interior da casa e fazer a apreensão dos objetos ou instrumentos do “suposto” crime.
Conforme a defesa da ex-deputada, deu para perceber que chegaram premeditados, sequer “convidaram” a proprietária da casa a acompanhá-los até a delegacia, pegaram Bela à força na frente de crianças.
Com a confusão armada, ainda segundo Bela Barros, Mariana tentou se aproximar da mãe que já estava dentro do camburão e foi jogada ao chão por um dos policiais. Diante desse contexto, mais revolta se instalou e as pessoas que presenciaram foram para cima do policial.
“Alguns foram gritar e bater no portão do vizinho oficial da PM, que saiu armado gritando e apontando a arma para as pessoas. Ai chegou reforço e eles levaram quatro pessoas para a delegacia. Um fato curioso é que uma hora e meia depois, a Mariana chegou ao 1º DP querendo fazer BO contra os policiais por ter sido agredida e um PM entrou na frente dela a impedindo de ir embora e registraram ocorrência acusando a mesma de ameaça”, diz a nota.
Outros convidados que testemunharam a ação da PM afirmam que os policiais estavam no local cumprindo ordem do vizinho oficial que nem estava de serviço e que teria histórico de violência e abuso de autoridade contra os vizinhos. As vítimas da ação policial prometem acionar a Corregedoria da Polícia Militar para denunciar o episódio por entender que o oficial da PM usou a corporação em benefício próprio.
Veja vídeo de parte da confusão: