O comboio do tráfico formado por 19 veículos e três caminhões, interceptado na madrugada de quarta-feira (3) na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul, levava 88,9 toneladas de maconha. É a maior carga da droga em circulação apreendida naquele país.
Inicialmente, a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) informou que o carregamento chegaria a 70 toneladas, mas, após dois dias de trabalho para transportar e pesar os fardos, o total ficou em quase 89 mil quilos. O destino seria o mercado brasileiro.
Além da droga e dos veículos, muitos deles caminhonetes seminovas de alto valor, as equipes da Senad e do Codi (Comando de Operações de Defesa Interna) apreenderam três fuzis, uma escopeta, coletes à prova de bala e roupas táticas.
Cinco traficantes foram presos, entre eles uma mulher. Os outros abandonaram os veículos e fugiram.
Um suspeito morreu em o confronto com os agentes e militares durante a abordagem, na região de Curuguaty, no departamento de Canindeyú e a 90 km de Paranhos (MS). Nesta sexta-feira (5), os presos foram transferidos para audiência no Ministério Público do Paraguai.
Policiais afastados
A apreensão da carga gerou crise entre o comando da Senad e o Ministério do Interior, ao qual a Polícia Nacional é subordinada. Ontem, o ministro Jalil Rachid, chefe da agência antidrogas, afirmou que o comboio passou livremente por 11 delegacias até chegar ao local da apreensão.
Soma-se à denúncia o fato de que os documentos pessoais de um oficial do alto comando da Polícia Nacional foram encontrados na área onde houve o confronto. O comissário Osvaldo Javier Andino Gill, de 52 anos, alegou que perdeu a carteira durante a operação, mas a Senad informou que nenhum integrante da Polícia Nacional participou da ação.
Hoje de manhã, o comandante da Polícia Nacional do Paraguai, Carlos Benítez, anunciou o afastamento de 40 policiais lotados nas delegacias por onde o comboio passou. Ele informou que foi instaurada uma investigação interna para apurar suspeita de cumplicidade dos policiais com os traficantes.
Em fevereiro deste ano, outro comboio do tráfico cruzou boa parte do estado de Canindeyú, cuja capital é Salto del Guairá, e só foi interceptado pela Senad já na linha internacional. O caso também culminou no afastamento de chefes da polícia, mas até agora a investigação não avançou.