O corpo do caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, foi encontrado na manhã desta terça-feira (22), dois dias após ter sido atacado por uma onça-pintada nas proximidades do pesqueiro Touro Morto, no Pantanal. A vítima foi localizada pelo cunhado, que havia retomado as buscas logo cedo.
“Falei que ia achar meu cunhado. Deus me guiou certinho, eu sabia onde ele ia estar”, relatou Magrão, cunhado de Jorginho, como era conhecido. Ele retornou ao local com o apoio do irmão e de um militar, localizando o corpo por volta das 6h da manhã. “Falei que só tinha um lugar que a onça poderia ter levado ele.”
A autenticidade do áudio com o relato foi confirmada por Reginaldo Ávalo, de 55 anos, irmão da vítima. Segundo ele, o corpo foi encontrado a cerca de 300 metros do ponto onde ocorreu o ataque, no deck do pesqueiro Touro Morto, situado no encontro dos rios Miranda e Aquidauana.
Imagens feitas logo após a descoberta de marcas de sangue mostram, ao longe, a área onde a onça possivelmente levou o corpo. Reginaldo contou ainda que Jorge costumava ver onças com frequência, mas nunca havia sido ameaçado. “Ele via quase todos os dias, mandava vídeos, mas elas corriam, não chegavam perto dele”, lamentou. O caseiro trabalhava no local havia cerca de 20 anos.
Após ser resgatado, o corpo de Jorginho será levado até Aquidauana e, em seguida, sepultado em Anastácio. Ele deixa dois filhos.
O ataque
O ataque aconteceu nas primeiras horas da segunda-feira (21). Um vídeo gravado no local mostra pegadas da onça e rastros de sangue, evidenciando a violência do ataque. As buscas contaram com o apoio do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar Ambiental de Miranda.
Em um vídeo recente, Jorge relatava que o pesqueiro havia se tornado palco de uma disputa territorial entre duas onças, o que pode ter motivado o comportamento agressivo do animal.
De acordo com o médico veterinário e doutorando em Ecologia e Preservação pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Diego Viena, ataques como esse são considerados extremamente raros.