O juiz Deyvis Ecco, da 2ª Vara Criminal, decretou a prisão preventiva de Geneia Vitor de Araújo, 62, e de Wesley Lima Santos, 20, presos na noite de ontem (4) em Dourados com 15 armas pertencentes à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). O arsenal foi avaliado em R$ 200 mil.
Durante audiência de custódia hoje à tarde, o magistrado rejeitou pedido de liberdade provisória apresentado pelas advogadas Solange Akemi Yoshizaki Saruwatari, Cleidenice Garcia e Raianni Passos.
“Os autuados integram a organização criminosa conhecida como PCC e a quantidade de armamento apreendida durante a entrada da casa da flagrada Geneia Vitor de Araújo (15 artefatos) exige postura mais rígida do Estado-juiz na eventual concessão de benefícios como a liberdade provisória”, afirmou Deyvis Ecco.
Com a decisão, Geneia e Wesley serão levados nos próximos dias para o sistema penitenciário. Ele deve ir para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados) e a idosa para algum presídio feminino de Mato Groso do Sul, já que Dourados não possui unidade para presas em regime fechado.
A idosa e o rapaz foram presos por agentes do SIG (Setor de Investigações Gerais), da Polícia Civil, que monitoravam a casa dela, localizada na Rua Rouxinol, no BNH 4º Plano, região sul de Dourados. A casa fica a 200 metros da BR-463, principal ligação entre a cidade e o Paraguai, de onde as armas foram trazidas.
A investigação
Há pelo menos um ano, os policiais investigavam indícios de que uma mulher guardava armas para a facção criminosa, mas eles não sabiam se ela morava no BNH 4º Plano ou na Vila Cachoeirinha, bairro vizinho e também de forte atuação do PCC.
Durante trabalho de inteligência, a polícia chegou até Geneia de Araújo, mãe de Julio Robert Vitor da Silva, o “Toco”, membro da facção paulista e que está preso desde 2011 condenado por homicídio.
Ontem à tarde, os policiais que monitoravam a casa disfarçados perceberam o momento em que um homem chegou ao local com uma mala. Geneia recebeu a encomenda no portão e levou para dentro da residência.
Nesse momento em diante, houve intensa movimentação de pessoas que chegavam ao local e saiam em seguida, como se tivessem ido até a casa para verificar algo. Algum tempo depois, os policiais se aproximaram, mas sem se identificar.
Ligou para o filho
Eles chamaram pela moradora e disseram que estavam ali para pegar as armas. Acreditando que fossem membros da facção, Geneia os chamou para entrar, foi até o quarto, tirou a mala debaixo da cama e disse “estão todas aí, são 15, eu já contei”.
Na frente dos investigadores disfarçados, a moradora ligou para o filho que está no raio 2 da PED e lhe informou sobre os homens que estavam na casa para levar as armas. Possivelmente alertada pelo filho de que poderiam ser policiais, a mulher alegou estar apenas guardando as armas para Julio Robert.
Wesley Lima Santos chegou no momento em que os policiais estavam dentro da casa e também pensou que fossem bandidos do PCC com a missão de resgatar as armas. “Já vieram buscar?”, perguntou.
Os dois foram presos e levados para a 1ª Delegacia de Polícia, na Rua Cuiabá. Autuados em flagrante por posse ilegal de armas e organização criminosa, Geneia e Wesley ficaram em silêncio durante o interrogatório.
Segundo o delegado Erasmo Cubas, do SIG, o arsenal seria usado na guerra travada pelo PCC com grupos criminosos rivais e também destinado a faccionados recolhidos na PED. Outra suspeita é que parte das armas seria cedida para assaltos em Dourados.
O arsenal era formado por uma pistola Taurus calibre 380, uma pistola marca Star 9 milímetros, três pistolas 9 milímetros de fabricação turca, uma pistola de fabricação argentina calibre 45, uma pistola Bersa (também argentina) calibre 380, três pistolas 9 milímetros fabricadas na China, dois revólveres calibre 357 marca Ruger, um revólver calibre 38 marca Smith & Wesson e dois revólveres 38 marca Colt.
Crédito: Campo Grande News