O delegado Tiago Macedo, a primeira testemunha ouvida no segundo júri da Operação Omertà, reforçou que Marcel Colombo, conhecido como "Playboy da Mansão", temia por sua vida, acreditando estar jurado de morte por Jamil Name Filho, o Jamilzinho, após uma briga em um barco em 2016
Macedo, que integrou uma força-tarefa de investigação de crimes violentos em Campo Grande, explicou que Jamilzinho teria oferecido R$ 50 mil para que Marcel fosse assassinado dentro do sistema penitenciário após ser preso por contrabando. O delegado também ressaltou que registros telemáticos indicam que Juanil Miranda, acusado de ser o autor dos disparos e atualmente foragido, e Marcelo Rios, braço direito de Jamilzinho, realizaram várias buscas sobre Marcel dias antes e logo após o crime.
Durante o depoimento, Macedo afirmou que a Polícia Civil formou uma força-tarefa com cinco delegados em resposta a uma série de execuções que transformaram Campo Grande em um cenário de guerra. “A cidade se tornou uma praça de guerra, com crimes cometidos por pistoleiros, uso de armas de alto calibre e uma estrutura criminosa bem organizada. Isso gerou grande preocupação, pois Campo Grande é uma cidade importadora e ordeira. ", disse o delegado.
O desentendimento entre Marcel e Jamilzinho ocorreu em um barco na Avenida Afonso Pena. Após o incidente, Marcel fugiu para Cuiabá. Entretanto, segundo Macedo, a ex-esposa de Jamil Nome Filho informou à namorada de Marcel que Jamilzinho não deixaria o ocorrido passar em branco. Marcel tentou se desculpar, mas Jamilzinho manteve o rancor. Marcel passou um tempo fora da cidade, mas decidiu voltar quando acreditou que a situação havia se acalmado
Conforme o delegado, Marcel sentiu-se constantemente ameaçado de morte por Jamil Name Filho. Inclusive, familiares de Marcel chegaram a procurar Jamil para tentar amenizar a situação, mas não obtiveram sucesso. “A motivação parece muito firme e sólida. As provas telemáticas enfraquecem outras versões sobre o crime”, afirmou Macedo.
A esposa de Marcelo Rios, que mais tarde mudou sua versão, relatou que, na noite em que Marcel foi morto, ela e o marido saíram de casa para colocar crédito em celular uma "bombinha", aparelho adaptado. Naquele momento, Rios recebeu notícias no site Campo Grande News e, ao ver a reportagem sobre a execução de Marcel, designado para Jamil
Dois dias antes do crime, Juanil Miranda fez inúmeras buscas sobre Marcel Colombo, verificando suas redes sociais, seu endereço e outros detalhes. No dia do crime, ele também acessou o Instagram de Marcel, que havia feito check-in em uma cachaçaria. Juanil então pesquisou o endereço do local e como excluir uma conta no Instagram.
A quebra do sigilo telefônico mostrou que Marcelo Rios fez 68 buscas em jornais entre meia-noite e 41 minutos do dia 18 de outubro de 2018, data do crime, até as 7h39 da manhã. No mesmo dia, às 15h19, Rios saiu da casa de Jamil Name e Jamilzinho e foi até a residência de José Freires, conhecido como Zezinho, no Jardim Colibri, onde ocorrem por cerca de oito minutos.
Zezinho, um dos pistoleiros da organização, usava tornozeleira eletrônica e, portanto, não podia estar presente na cena do crime. Zezinho foi morto em um confronto com a polícia em dezembro de 2020, no estado do Rio Grande do Norte.