Conclusão do inquérito da Polícia Federal aponta que o deputado federal Loester Trutis (PSL) simulou o atentado em 2020
A decisão sobre o indiciamento de Trutis caberá à ministra Rosa Weber (Imagem: Câmara dos Deputados)
A Polícia Federal deflagrou em novembro do ano passado a Operação Tracker, com a finalidade de investigar os fatos ocorridos em 16 de fevereiro de 2020, quando se noticiou um suposto atentado contra a vida do parlamentar federal, Loester Trutis (PSL) e de seu O ex-assessor parlamentar e empresário Ciro Nogueira Fidelis (PSL). A PF concluiu as investigações e aponta que ambos simularam o atentado.
Conforme apurado pelo Blog O Jacaré, os delegados Glauber Fonseca de Carvalho Araújo, da PF em Mato Grosso do Sul, e Fernando Schwengber Casrin, de Brasília, o parlamentar não sofreu nenhum atentado. No entanto, a investigação não conseguiu descobrir a motivação do crime. A suspeita é de que tenha sido para impulsionar a candidatura a prefeito de Campo Grande, que acabou não se concretizado após ele ser destituído do cargo de presidente do diretório municipal do partido.
Trutis, deveria ser indiciado pelos crimes de falsa comunicação de crime, disparos de arma de fogo, dano (causado no veículo) e porte ilegal de arma de fogo. A Polícia Federal não indiciou o deputado porque há jurisprudência no Supremo Tribunal Federal de que o parlamentar tem direito a foro privilegiado e só pode ser indiciado com aval da corte.
O caso
Segundo o relato do deputado, ele e o assessor saíram da Capital na madrugada de domingo para cumprir agenda em Sidrolândia, quando passaram a ser perseguidos por uma caminhonete na BR-060. O suposto bandido efetuou vários disparos contra o parlamentar, que reagiu e acabou saindo ileso do suposto atentado.
A investigação da Polícia Federal, depois de ser deflagrada a Operação Tracker, desconstruiu a tese do deputado. Os policiais não encontraram vestígios de tiros nem vidros quebrados no local do atentado na rodovia. Com base em imagens das câmeras de vigilância e do rastreador do carro, que era locado, a PF concluiu que eles pegaram duas estradas vicinais, pararam o veículo e efetuaram os disparos.
Segundo relatório da PF, Trutis tinha vestígios de pólvora nas mãos e chegou para prestar depoimento na superintendência com uma pistola Taurus calibre 380 sem registro. Conforme o delegado, “seria extremamente improvável que o parlamentar, na posição em que se encontrava no interior do veículo, não teria sido atingido por um dos disparos efetuados”.
Outra conclusão é de que não houve a participação de outro carro no atentado a bala. Os peritos concluíram que “não seria possível que um dos disparos que atingiram o veículo ocupado pelo deputado pudesse ser realizado por alguém que estivesse embarcado em outro veículo agressor, ou seja, o atirador deveria necessariamente estar desembarcado”.