O gerente da agência do Detran/MS em Juti e um despachante de Dourados foram presos nesta terça-feira (8) durante a Operação Resfriamento, deflagrada pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
Eles são acusados de integrar esquema fraudulento de licenciamento de veículos cujos proprietários moram em outros estados, mas apresentavam endereços falsos em Mato Grosso do Sul. A quadrilha também é acusada de legalizar veículos sem laudos de vistoria.
Com apoio da Corregedoria de Trânsito do Detran, da Delegacia Regional de Fátima do Sul e da Defron (Delegacia de Repressão a Crimes de Fronteira), o Dracco cumpriu os dois mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão.
Em Dourados, os policiais fizeram buscas no Ney Despachante, localizado na Vila Alba, região leste da cidade. O proprietário foi preso em sua casa, no Jardim Flórida (região oeste). Já o servidor do Detran foi preso em Juti.
Segundo o Dracco, a investigação descobriu esquema de emissão de documentos veiculares irregulares, efetivadas na agência do Detran em Juti.
Veículos irregulares, até mesmo de outros estados, seriam regularizados mediante inserção de documentos falsos e pagamento de propina a servidores, sem nunca terem passado por vistorias ou mesmo ingressado em Mato Grosso do Sul.
Duas carretas com quatro eixos foram regularizadas através do esquema sem apresentação do Certificado de Segurança Veicular. A legalização ocorreu mesmo sendo proibida na época a circulação de veículos de quatro eixos – liberada pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito) apenas em janeiro de 2022.
“Além das irregularidades da composição do veículo e da ausência da apresentação de documentos de segurança obrigatório, foi verificado que os proprietários do veículos residem fora do Estado e foi utilizado endereço falso para a efetivação da fraude”, afirma o Dracco, em nota.
Segundo a polícia, mesmo com endereço falso, da cidade de Dourados, e inúmeras outras irregularidades, a agência de trânsito permitiu a emissão da documentação dos veículos. O processo feito na agência de Juti foi intermediado pelo despachante de Dourados.
Outras diligências do serviço de inteligência da polícia revelaram a existência de organização criminosa que “esquentava” veículos naquela agência do Detran.
R$ 17 milhões em 2 anos
“São apurados inúmeros outros veículos que teriam sido regularizados indevidamente na agência, com circulação de dinheiro entre o gerente da agência e pessoas a ele relacionadas. No total, os integrantes da organização teriam movimentado mais de 17 milhões de reais, em menos de dois anos”, afirma o Dracco.
O servidor do Detran e o despachante douradense foram presos por serem, respectivamente, o responsável pela liberação irregular dos veículos e por intermediação dos processos. Também foram feitas buscas em residências de outras pessoas suspeitas de ligação com a organização.
Durante as buscas ocorridas hoje de manhã foram apreendidos veículos, entre carros de alto valor e motocicletas, além de documentos e valores em espécie que ainda estão sendo contabilizados.
Crédito: Campo Grande News