Renato Oliveira Garcez Vidigal, de 36 anos, vai continuar preso depois de determinação da juíza Melyna Machado Mescouto Fialho em audiência de custódia realizada ontem (8). Um dos pontos observados para que Vidigal continue preso é que o médico já responde por crime da mesma natureza cometido contra a vítima, registrado no ano passado no município de Ponta Porã.
“O conduzido já responde criminalmente por crime da mesma natureza, perpetrado contra a vítima no ano de 2021, na Cidade de Ponta Porã (...) Logo, não seria esse o primeiro episódio de violência entre o casal, que ao que parece, vem evoluindo progressivamente”, conforme apresentado no documento.
Outro fator determinante para a juíza é a periculosidade do médico, o que representa perigo para a vítima e seu filho, segundo relatado por Melyna, “no entanto, a violência e a ameaça teriam sido perpetradas no interior de um Hotel, de alto padrão, na cidade de Bonito, bem movimentado em período de férias, o que demonstra o alto grau de periculosidade do flagrado”.
O advogado de defesa de Renato Vidigal, havia entrado com pedido de liberdade provisória, alegando que o cliente tem residência fixa e exerce atividade lícita, de médico intensivista responsável pela UTI de um hospital de Corumbá. “Onde só neste mês de janeiro possui dezenas de plantão”, declarou a defesa em trecho do pedido de liberdade. O médico também se comprometeu a deixar imediatamente, assim que saísse da cadeia, a casa onde vive com a vítima.
Já a juíza não levou em consideração o pedido “o fato do conduzido ser médico e ostentar cargo de relevância – lotação na UTI da CASSEMS de Corumbá, não é suficiente para a concessão de sua liberdade provisória, especialmente quando sua prisão fora motivada segundo os elementos de informação, por ato a ele imputado, ciente de suas responsabilidades funcionais”, descreveu a magistrada.
O caso
Em férias com a companheira, o ex-secretário de saúde de Dourados, Renato Oliveira Garcez Vidigal, foi preso na noite desta sexta-feira (7) em Bonito, acusado de violência doméstica.
Segundo informações do boletim de ocorrência, Renato e a companheira estavam em um dos Eco Resorts mais conceituados da região, quando em um determinado momento ela chamou a atenção do acusado sobre um acidente ocorrido entre o casal no dia anterior, momento em que Vidigal não gostou do comentário, apertou a perna da vítima e jogou bebida no rosto da mulher.
A vítima foi até o quarto buscar seus pertences quando Vidigal a ameaçou dizendo que se ela chamasse a polícia mataria ela e o filho, que também estava no quarto do casal. A Polícia Militar foi acionada pela gerente do local depois que ela foi informada que havia caso de violência doméstica no Resort.
Ao chegar no local, a polícia deu voz de prisão a Renato Vidigal, ambos vítima e autor foram encaminhados para o hospital de Bonito para realizar exames de corpo delito.
A mulher solicitou medida protetivas, no boletim ela relata que tem medo de que Renato Vidigal possa fazer algo mais grave contra sua pessoa e seu filho.
Atualmente o médico, Renato Vidigal presta serviço na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Cassems em Corumbá.
Outros crimes
Em março do ano passado, Renato Oliveira Garcez Vidigal, foi condenado pelo juiz da 1ª Vara Federal de Dourados, Moisés Anderson Costa Rodrigues, a uma pena de 11 anos, 8 meses e 2 dias por crimes de Organização Criminosa, Peculato e Fraude à Licitação no esquema armado para desviar dinheiro no esquema das marmitas na Fundação de Serviços de Saúde (Funsaud) através de aditivos milionário e superfaturamento.
Já em novembro de 2021, o MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) instaurou inquérito civil para apurar enriquecimento ilícito e dano aos cofres públicos, supostamente cometidos por Renato Vidigal, pois ele teria recebido salário, mesmo sem prestar serviços. Conforme edital publicado no Diário Oficial no dia 16 de novembro assinado pelo promotor de Justiça Ricardo Rottuno, o objetivo do procedimento é apurar eventual “prática de ato lesivo ao erário em virtude do suposto enriquecimento ilícito do servidor, diante do recebimento indevido de remuneração por serviços que não teriam sido prestados ao município”.
Por meio de denúncia, o MPMS foi informado que o secretário foi preso pela PF durante a operação. Ocorre que, após a revogação da prisão preventiva do mesmo, o servidor não teria se apresentado para retomada das atividades, embora continuasse recebendo sua remuneração normalmente.
No entanto, como não foram apresentadas provas concretas das supostas irregularidades, o promotor instaurou inquérito para investigar detalhadamente o ocorrido.