Homem que foi fiscal de posturas do município de Dourados já cumpriu pena condenado pela Justiça Federal por fingir ser agente da PF e extorquir cigarreiros
O ex-servidor municipal Wellington José Carvalho de Almeida, 41 anos, foi preso por equipes da Polícia Militar e do SIG (Setor de Investigações Gerais) da Polícia Civil de Dourados na quinta-feira (4) após se passar por policial para extorquir contrabandista de cigarro.
Por crime semelhante, ele já havia sido preso em 26 de fevereiro de 2019, cumpriu pena superior a 9 anos condenado pela Justiça Federal e foi demitido do cargo efetivo de fiscal de posturas municipais da Secretaria de Serviços Urbanos no início de 2023.
Na ocorrência mais recente, Wellington foi acusado de invadir a casa de um cigarreiro às 5h de terça-feira (2) portando arma de fogo e rádio comunicador. Com roupa preta, se apresentou como policial e exigiu R$ 10 mil para o cigarreiro continuar com as remessas.
Assustada, a vítima aceitou e combinou a entrega do dinheiro para o dia seguinte, quarta-feira (3). Na ocasião, porém, um comparsa do falso policial, identificado como Wagner, apareceu e o cigarreiro pediu mais prazo para conseguir os valores, sendo orientado a fazer uma transferência via pix até às 11h de quinta-feira (4).
Esse mesmo suspeito o abordou na data indicada, exigiu que entrasse no carro e fez uma chamada de vídeo com o falso policial, que exigiu o dinheiro.
O comparsa foi preso e como a Polícia Civil já investigava o ex-servidor municipal por suspeita semelhante, mostrou uma foto dele para a vítima, que o reconheceu imediatamente.
Equipes do SIG e da Força Tática da Polícia Militar foram até a casa de Wellington, na Rua Amoreiras, no Jardim Colibri, e viram quando ele jogou o aparelho celular no terreno vizinho. Nas buscas, foram localizadas vestimentas de forças de segurança, dois rastreadores veiculares, o carro utilizado pelo comparsa no dia da chamada de vídeo, e o celular.
Wellington José Carvalho de Almeida foi demitido pelo prefeito Alan Guedes em janeiro deste ano, após ser alvo de processo administrativo disciplinar na Prefeitura de Dourados.
Ele havia sido preso preventivamente no 26 de fevereiro de 2019, quando a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Nepsis.
Em 23 de janeiro de 2020, foi condenado pela 2ª Vara Federal de Ponta Porã a 10 anos e 4 meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática dos crimes de tráfico de influência e integração a organização criminosa. Contudo, acabou beneficiado com a progressão para o regime semiaberto em 28 de janeiro de 2021.
No dia 30 de abril daquele mesmo ano, ao negar apelação criminal e mantê-lo condenado pela prática dos crimes de tráfico de influência e integração a organização criminosa, o TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) detalhou as aventuras do falso policial federal acusado de extorquir contrabandistas de cigarros.
De acordo com acórdão do julgamento, embora a função de fiscal de posturas do município tenha carga horária estabelecida de 150 horas mensais, o servidor conseguiu tempo para fingir ser policial federal, extorquiu cigarreiros, agrediu um agente da PRF (Polícia Rodoviária Federal) que investigava carregamentos suspeitos e ajudou contrabandistas a denunciarem ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) policiais militares que cobravam propina para liberação das cargas.
Por unanimidade, os desembargadores federais da Décima Primeira Turma da Corte apenas reduziram a soma das penas para o total de 9 anos e 2 meses de reclusão, em regime inicial fechado, além de 37 dias multa.