Ferido a tiros logo após a morte de Idalino Medina, Junior Vera foi preso após receber alta, mas agora ficará em liberdade
O juiz da Vara das Garantias, Tribunal do Júri e Execução Penal concedeu liberdade a Junior Veras, acusado de envolvimento no assassinato do cacique Idalino Rossate Medina, 40, ocorrido no dia 6 deste mês em Dourados.
Para tomar a decisão, Ricardo da Mata Reis aceitou o argumento da defesa de que o autor das facadas que mataram Idalino foi Marcio Barbosa Samaniego, que se apresentou à Polícia Civil dois dias após o crime, junto com a irmã, Rosa Maria Samaniego Barbosa, esposa de Junior e também envolvida na confusão que terminou em assassinato. A defesa dos três é feita pelos advogados Lucas Soncini Carvalho e Rodrigo Elder Lopes Bueno.
Ferido a tiros pelo irmão de Idalino horas após a morte do cacique, Junior Veras foi preso quando estava internado no Hospital da Vida. Após receber alta, foi levado para a cadeia, mas agora vai responder ao crime em liberdade.
“No caso dos autos, ainda que existam indícios da participação do requerente nos fatos que culminaram na morte do ofendido Idalino Rossate, tem-se que os elementos indiciários supervenientes apontam que ele não foi responsável por praticar a conduta nuclear do tipo penal imputado, o que afasta o argumento a respeito de sua periculosidade, dada à violência dos golpes desferidos”, afirmou o magistrado.
Para permanecer em liberdade, Junior Veras terá de cumprir medidas cautelares: proibição de contato com os familiares da vítima, devendo observar distância mínima de 250 metros de distância; proibição de ausentar-se da comarca sem prévia comunicação ao Juízo; e proibição de frequentar o "Bar do Corinthiano", na Avenida Presidente Vargas, além de outros bares e locais congêneres, voltados à venda e consumo de bebidas alcoólicas.
Na decisão, o juiz citou que a morte do cacique Idalino Rossate Medina é mais um capítulo na guerra entre as duas famílias. O próprio Junior Veras responde a processo na Justiça como acusado de assassinar o filho de Idalino.
Morte de cacique
Idalino foi esfaqueado no bar fora da área indígena, no perímetro urbano de Dourados. Conforme a ocorrência policial, ele estava no estabelecimento quando se envolveu na discussão com Rosa Maria. A mulher estava com o marido e com o irmão, Marcio Samaniego.
Testemunhas contaram que todos estavam ingerindo bebida alcoólica quando a briga começou. Em certo momento, Idalino passou a ser agredido pelos três. Pessoas que estavam no bar tentaram conter o trio, mas não conseguiram.
Idalino tentou fugir dos agressores, mas foi atingido por diversos golpes de faca na cabeça, no rosto e no abdômen. Levado ao Hospital da Vida, morreu na manhã seguinte em decorrência dos ferimentos.
Ao saber do crime, Everton Rossate, irmão de Idalino, foi até a casa de Junior, ainda na noite de sábado, e atirou contra ele. O rapaz foi socorrido com ferimento no peito.
Os advogados dos irmãos Samaniego alegaram legítima defesa. “Houve uma injusta agressão por parte da vítima contra a acusada Rosa e isso provocou reação do Marcio, que iniciou uma briga e acabou desferindo os golpes de faca contra a vítima. Tem uma rixa antiga de família. A vítima, supostamente, matou um irmão deles há alguns anos e foi isso que gerou o início da briga”, disse a defesa no dia em que os irmãos se apresentaram à polícia.