Alexandre Lanzoni alega que foi ameaçado por José Adão Correa; já ex-policial diz que apenas acompanhava pecuarista
O Mister MS Alexandre Lanzoni, de 33 anos, recebeu R$ 10 mil para alugar a arma calibre 12 e dirigir a Fiat Toro preta para o ex-policial José Adão Correa, de 54 anos, executar Valdinei Marcos da Silva. O caso aconteceu na tarde de domingo (9), no km 610 da BR-060, entre os municípios de Jardim e Bela Vista. Os dois foram presos em flagrante, passaram por audiência de custódia e tiveram a preventiva decretada. A motivação para o crime ainda não foi esclarecida e o caso continua sob investigação.
Em depoimento marcado por contradições, Alexandre afirma que conheceu o ex-policial ao contratá-lo como segurança particular após receber ameaças, porque havia tido relacionamento extraconjugal com uma mulher comprometida. Mas depois de algum tempo foi o policial quem passou a ameaçá-lo. Ele contou que, no dia dos fatos, foi coagido pelo ex-policial para alugar a sua picape e a sua arma com objetivo de apenas assustar uma pessoa que o devia, mas, ao mesmo tempo, confessou ter recebido o dinheiro pelo serviço.
No domingo, então, pela manhã, os dois saíram de Amambai, sentido Jardim, numa rota escolhida pelo ex-policial que foi de passageiro enquanto Alexandre dirigia. De acordo com ele, durante toda a viagem recebia ameaças de José Adão, que conhecia a rotina de sua esposa e de sua mãe, inclusive com fotos das duas no celular.
Quando chegaram à região de Jardim, na BR-060, ficaram atrás de uma van branca de passageiros. Na sequência, José ordenou que ele fizesse a ultrapassagem e emparelhasse a picape ao lado da van em movimento, momento em que o ex-policial fez o primeiro disparo e ordenou que Alexandre parasse a Fiat Toro.
Foi então que ele desembarcou e fez mais disparos contra o motorista, retornando em seguida para a picape. Alexandre disse que ficou transtornado com a situação e, de novo, foi obrigado a dirigir de volta para a Amambai, mas acabou abordado pelo DOF (Departamento de Operações de Fronteira) na MS-386.
Já José Adão dá outra versão para os fatos e conta uma história mirabolante afirmando que foi convidado pelo comparsa para ir até Jardim, mas disse não saber o motivo. Conforme o ex-policial, que usava tornozeleira eletrônica por crime cometido recentemente no Estado do Paraná, onde responde por tráfico de drogas, foi Alexandre que dirigiu e atirou ao mesmo tempo, enquanto ele ficou no banco do passageiro e se assustou com a situação.
Execução
Valdinei seguia pela rodovia dirigindo a van e tinha como passageira apenas uma idosa, de 77 anos, quando foi abordado pela Fiat Toro. A testemunha, que saiu ilesa ao ataque, informou à polícia que o motorista chegou a tentar revidar, mas não deu tempo e foi ferido por quatro disparos na cabeça. Próximo ao veículo foram localizados cartuchos deflagrados de calibre 12.
Armas
Conforme a polícia, durante a prisão de Alexandre e do ex-policial, um acusou o outro pelos disparos, mas acabaram narrando o mesmo fato de que a vítima foi baleada com a van ainda em movimento. Durante diligências, na casa de Alexandre foram encontradas uma pistola 9mm, duas carabinas e dezenas de munições.
Em consulta no sistema da polícia, foi verificado que o ex-policial foi demitido em 2018 por irregularidades administrativas após PAD (Processo Administrativo Disciplinar). Ele foi condenado por fazer da delegacia de Coronel Sapucaia um balcão de negócio.
Mister
Alexandre, que se apresenta também como fisiculturista e pecuarista no município de Amambai, iria representar o Estado no Mister Brasil CNB 2025, que acontecerá de 2 a 6 de abril, com a final em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
O advogado de Alexandre pediu a liberdade provisória alegando que seu cliente tem moradia e emprego fixo, além de não ter antecedentes criminais. “Diante do exposto requer que seja concedida a liberdade provisória do acusado, bem como, sejam fixadas medidas cautelares diversas da prisão, para que o mesmo volte ao seu seio familiar e possa desenvolver seu trabalho lícito e assim contribuir com o sustento da família”. O pedido foi negado.