O promotor de Justiça, Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha, denunciou o ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), 58 anos, pelos crimes de assédio sexual, importunação sexual e favorecimento à prostituição contra sete vítimas. O empreiteiro André Luiz dos Santos, o famoso André Patrola, foi denunciado por favorecimento à prostituição com base na denúncia feita por três mulheres.
A denúncia foi protocolada na terça-feira (8) na 3ª Vara Criminal de Campo Grande e é o ápice da investigação iniciada durante a campanha eleitoral. A ofensiva da delegada Maíra Pacheco Machado, da 1ª Delegacia de Atendimento à Mulher, é apontada como a principal causada do desgaste da candidatura a governador de Marquinhos, que chegou a liderar as pesquisas e acabou em 6º lugar, com 124 mil votos.
O ex-prefeito admitiu as relações extraconjugais, mas negou ter praticado qualquer crime de assédio, importunação ou favorecimento à prostituição. Marquinhos acusou o Governo do PSDB de usar a polícia para desgastá-lo politicamente e de vingança do secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, por ter condenado a ação policial contra os índios em Amambai.
Durante a investigação, ele chegou a obter habeas corpus das juízas May Melke Siravegna e Eucélia Moreira Cassal e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul para trancar o inquérito aberto com base nas denúncias de 13 das 16 mulheres.
A Polícia Civil concluiu a investigação e encaminhou o inquérito para o MPE. Nesta semana, o promotor Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha decidiu denunciar o ex-prefeito pelos supostos crimes cometidos contra sete mulheres. Na peça de 28 páginas, a promotoria descreve os crimes, as provas e o período em que teriam sido cometidos.
A primeira vítima é uma mulher que teria sido assediada ao ir ao gabinete do prefeito para pedir a transferência de secretaria. Marquinhos é acusado de tentar beijá-la e assedia-la pelo WhatsApp.
O mesmo ocorreu com a segunda vítima, uma líder comunitária, que teria ido pedir pavimentação asfáltica. Ele a teria beijado de forma “melada, pegajosa e libidinosa”, conforme o relato do promotor.
A terceira teria sido vítima de exploração sexual e teria conseguido ser nomeada para receber pelo Proinc sem trabalhar em troca de relações sexuais com Marquinhos no Paço Municipal, conforme a denúncia. Ela foi vítima de André Patrola.
A quarta vítima teria apontado atos libidinosos no gabinete do prefeito ao tentar emprego. A tentativa de relação sexual ocorreu no banheiro do gabinete. A quinta vítima também iniciou o contato em busca de emprego e teve, conforme o promotor, cinco encontros sexuais com o ex-prefeito. Ele pagou de R$ 500 a R$ 700 por cada encontro.
A sexta mulher também relatou ter mantidos encontros no gabinete. A sétima vítima teria sido assediada em maio deste ano durante a pré-campanha eleitoral do Governo do Estado.
André Patrola foi denunciado por favorecimento à prostituição pela festa que teria promovido com drogas e prostitutas em uma fazenda no interior do Estado. Ele teria pago R$ 1 mil para cada uma das três mulheres.
A juíza Eucelia Moreira Cassal vai analisar se recebe ou rejeita as denúncias contra o ex-prefeito. A defesa insiste na tese de que ele foi vítima de armação política e de que não há provas dos supostos crimes.