Mato Grosso do Sul tem a maior taxa de feminícidio do Brasil: 3,5 a cada 100 mil mulheres. De acordo com dados do Monitor da Violência, divulgados pelo Portal G1 neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Estado também lidera o ranking nacional com a maior taxa de assassinatos: 8,3 a cada 100 mil mulheres.
Metade dos Estados brasileiros teve alta nos casos de feminicídios em 2022. No caso de MS, o aumento foi de quase 40%. No ano passado, 43 mulheres foram vítimas de crime de ódio. Em 2021, o Estado registrou 31 feminicídios. As estatísticas são da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública). Neste ano, o Estado já registra cinco feminicídios.
Em junho do ano passado, o TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) divulgou levantamento com dados de 2017 a 2021, relativos a 89 ações penais de feminicídios.
Em 59% dos casos, elas foram mortas dentro de casa. Já a forma do crime revela a extrema violência. A maioria morre a facadas, seguido por arma de fogo, objetos (madeira, ferro, pedra, tijolo), facão, fogo, asfixia, força física, tesoura e atropelamento.
O relatório mostra que as dinâmicas da violência acontecem de forma generalizada e não apenas em localidades específicas do Estado.
De acordo com a segurança pública de Mato Grosso do Sul, a taxa de resolução de feminicídios em Campo Grande é de 100% e é preciso combater a cultura de desigualdade de gênero.
“Não podemos olvidar que a violência contra a mulher deita raízes no sistema patriarcal e no machismo estrutural. Vale ressaltar, em que pese, os números divulgados a taxa de resolução dos feminicídios nesta Capital, incluindo as prisões dos autores é de cem por cento”, informa nota à imprensa.
A 1ª Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande) destaca que tem funcionamento 24 horas e conta com equipe de policiais treinados para atendimento humanizado e capaz de atender a mulher em situação de violência doméstica, de forma a proporcionar acesso aos serviços da rede de enfrentamento à violência de gênero.
O feminicídio é o homicídio praticado em decorrência da vítima ser mulher (misoginia, menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero) ou em decorrência de violência doméstica.
Retrato da vergonha
Os casos chamam a atenção pela crueldade, como o que aconteceu com Francielli Guimarães Alcântara, 36 anos, torturada por quase um mês antes da morte ou com Rosiclei Paredes, 39 anos, cujo corpo foi jogado em fossa.
Também no começo de 2022, a adolescente Vitória Caroline de Oliveira Honorato, de apenas 15 anos, foi encontrada morta, em Ivinhema. Ainda em janeiro do ano passado, Marta Gouveia do Santos, 37 anos, foi assassinada no anel viário de Nova Andradina.
No mês de fevereiro, Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos, foi morta com golpe de mata-leão pelo companheiro, ex-militar da Aeronáutica. Em março de 2022, Eloisa Rodrigues de Oliveira foi morta a facadas na frente dos filhos, de 1 e 8 anos de idade, na casa onde morava, no Bairro Parque do Lageado, na Capital.
No mesmo mês, Patrícia Benites Servian, 31 anos, foi asfixiada até a morte na casa onde vivia com os filhos pequenos, no Bairro Tiradentes, em Campo Grande.
Em abril, na cidade de Batayporã, Joana Silva Fernandes, 90 anos, e a cuidadora Maria Aparecida Luiz de Siqueira Matos, 58 anos, foram assassinadas a facadas.
Elenice Pinto Martins, 48 anos, foi morta na noite de 13 de maio, na Vila Neusa, que fica na saída para Rochedinho, em Campo Grande, após uma discussão com o companheiro .
Em junho, Daniela Luiz, 30 anos, e o filho dela, de 14, foram assassinados a facadas, em Ribas do Rio Pardo.
No dia 3 de agosto, Rosa Rodrigues, 29 anos, foi estrangulada até a morte em Amambai.
Rebeca França Antônio, 20 anos, foi morta a facadas em setembro, no município de São Gabriel do Oeste. No dia 11 de setembro, uma adolescente indígena, de 13 anos, foi encontrada morta em Dourados.
Geni da Costa Reis dos Santos, 56 anos, morreu com sete facadas no dia 23 de setembro. Na noite do dia 18 de outubro, Ana Carolina Jara, 26 anos, também foi assassinada a facadas.
Mais um feminicídio foi registrado na Capital em 13 de novembro, quando Alexsandra Galvão de Arruda, 42 anos, foi atingida por golpes de faca no pescoço. No dia 21 de dezembro de 2022, Claudia Franciele Cabreira Pereira, 28 anos, foi encontrada morta.
CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS