Com taxa de 20,7 por 100 mil habitantes, estado mantém estabilidade relativa
Mato Grosso do Sul voltou a registrar crescimento na taxa de homicídios em 2023, segundo o Atlas da Violência 2025, publicado pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e o Ipea. Ainda assim, o estado permanece abaixo da média nacional e distante dos índices mais alarmantes do país.
Conforme o levantamento, 584 pessoas foram assassinadas em território sul-mato-grossense em 2023, o que representa taxa de 20,7 homicídios por 100 mil habitantes — ligeira alta de 5,1% em relação a 2022. Em termos absolutos, o crescimento foi de 34 mortes em um ano.
O estado já apresentou taxas mais elevadas na década passada. Em 2013, por exemplo, o índice era de 25,0 por 100 mil. Desde então, houve oscilação moderada, com tendência de queda até 2021, quando a taxa atingiu 19,9. A partir de então, observou-se estabilidade relativa, com leve retomada no número de assassinatos nos últimos dois anos.
A leitura regional dos dados coloca Mato Grosso do Sul em posição intermediária no ranking nacional. Em 2023, a média brasileira foi de 21,2 homicídios por 100 mil habitantes, a menor dos últimos 11 anos. Estados como São Paulo (6,4) e Santa Catarina (8,8) registraram os menores índices, enquanto o Amapá (57,4) apresentou a taxa mais elevada do país.
Violência juvenil cresce em MS e desafia políticas públicas
Dado alarmante no relatório é o crescimento de 17,1% na taxa de homicídios entre jovens de 15 a 29 anos no estado — o segundo maior aumento do país, atrás apenas do Amapá. A taxa em Mato Grosso do Sul chegou a 34,3 por 100 mil jovens, posicionando-se abaixo da média nacional (45,1), mas com tendência preocupante de alta.
No Brasil, os jovens seguem como as principais vítimas da violência letal. Dos 45.747 homicídios registrados no país em 2023, quase metade (47,8%) teve como vítimas pessoas entre 15 e 29 anos. Foram 21.856 mortes de jovens — o equivalente a 60 por dia.
Além da brutalidade dos números absolutos, o impacto é medido também pela perda de futuro: entre 2013 e 2023, os homicídios juvenis no Brasil resultaram em 14,7 milhões de anos potenciais de vida perdidos (APVPs). As mortes por armas de fogo representam 81,6% dessas perdas, o que reforça a urgência de controle mais rigoroso sobre o armamento da população.
“A morte prematura priva jovens de experimentar outras fases da vida, destrói famílias e impacta o desenvolvimento social e econômico do país”, destaca o estudo.
Queda histórica
O Atlas aponta redução de 2,3% na taxa de homicídios em 2023, consolidando tendência de queda iniciada em 2018. Foram 45.747 assassinatos registrados no país, número inferior aos 65.602 de 2017, pico da série histórica.
Entretanto, a percepção pública não acompanha essa melhora. Pesquisa Genial/Quaest revela que 29% dos brasileiros apontam a criminalidade como maior preocupação nacional, contra 10% no fim de 2023.
O relatório observa que, “a percepção de insegurança não se correlaciona diretamente aos dados objetivos. Outros fatores, como cobertura jornalística, redes sociais e sensação subjetiva de risco, contribuem para a discrepância”.
Violência invisível
Outro alerta do Atlas é para as chamadas Mortes Violentas por Causa Indeterminada. Entre 2013 e 2023, estima-se que 51.236 homicídios deixaram de ser contabilizados oficialmente, dificultando a formulação de políticas eficazes.
“Salvar vidas exige mais que reduzir estatísticas. É preciso proteger o futuro do país: seus jovens”, conclui o relatório.