Paulo Afonso Lange segue preso, mas polícia não viu necessidade de pedir prisão dos outros três indiciados
O pecuarista Paulo Afonso de Lima Lange, autor do assassinato do produtor rural Volnei Kommers Beutinger, 52, foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio qualificado, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo. O crime ocorreu no dia 10 deste mês na fazenda de Paulo, no distrito de Itahum, município de Dourados. Os dois eram vizinhos de cerca e já possuíam desavenças.
Após matar Volnei com tiro de revólver calibre 38, Paulo colocou o corpo em sua caminhonete Ford Ranger e o deixou na fazenda da vítima. No dia seguinte, se apresentou à polícia alegando ter agido em legítima defesa do filho.
Por contradições no depoimento, a Polícia Civil pediu sua prisão preventiva, cumprida no dia 12 de julho. Atualmente, ele está recolhido na PED (Penitenciária Estadual de Dourados).
Com base no inquérito policial conduzido pelo delegado Lucas Albe Veppo, chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais), o MP denunciou o filho de Paulo por omissão de socorro, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo. O homem de 37 anos não teve o nome divulgado.
Também foram indiciadas pela Polícia Civil e denunciadas pela Promotoria de Justiça as outras duas testemunhas oculares do crime: o caseiro de Paulo Lange, por fraude processual; e o funcionário do Volnei, por omissão de socorro.
O empregado de Volnei acompanhava o patrão no momento da briga que terminou em assassinato. Segundo a polícia, o MP entendeu que ele também poderia ter prestado socorro, mas não fez nada para socorrer o patrão. Por serem crimes de menor gravidade, o delegado entendeu não haver necessidade de pedir a prisão preventiva do filho de Paulo Lange e dos empregados.
O crime
Conforme a investigação policial, na manhã de 10 de julho, Volnei e o funcionário foram até a casa do vizinho para procurar lote de gado que havia fugido da fazenda dele e entrado na propriedade de Paulo Lange.
Quando chegaram ao local, o filho de Paulo teria dito que os bois seriam enviados para o frigorífico. Ele e Volnei começaram a discutir e entraram em luta corporal.
Armado com revólver, Paulo disparou um tiro no peito de Volnei e mandou o funcionário da vítima retirar o corpo do local. Como o empregado de Volnei se negou a atender ao pedido, Paulo Lange colocou o corpo na caminhonete e levou até a propriedade do morto.
Em depoimento após se apresentar, Paulo Lange alegou que Volnei estava armado com faca e que o vizinho ainda estava vivo quando foi colocado na caminhonete. Alegou ter levado Volnei até a outra fazenda para que ele fosse socorrido pelos empregados, pois estava sem sinal de celular para acionar os serviços de urgência.
A versão de Paulo Lange foi contestada pelo funcionário de Volnei. Ele negou que o patrão estivesse armado com faca e disse que Volnei já estava morto quando foi levado para sua fazenda. Os nomes dos outros três denunciados não foram revelados.