A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (22) a terceira fase da “Operação Pavo Real”, em continuidade aos trabalhos investigativos visando a descapitalização patrimonial de organização criminosa dedicada à prática do crime de tráfico internacional de drogas.
O chefe da organização é o narcotraficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão. Nascido em Ponta Porã, ele está condenado a pelo menos 60 anos de prisão e atualmente recolhido no Presídio Federal de Brasília.
As investigações foram iniciadas em fevereiro de 2019 pela Polícia Federal, a partir dos levantamentos realizados e constatação da existência da organização criminosa voltada para a ocultação do patrimônio obtido com o tráfico internacional de drogas, composta, em grande parte, pelos familiares de Jarvis, na época preso na penitenciária de segurança máxima, em Porto Velho (RO).
Agentes federais de Execução Penal apreenderam, na cela dele na Penitenciária Federal de Porto Velho, bilhetes redigidos de próprio punho contendo anotações de diversos imóveis identificados apenas por siglas e codinomes, tanto no Brasil quanto no exterior.
Com a liderança exercida pelo interno e seu filho, Luan Pavão, os investigados se associaram para a perpetuação e controle do tráfico internacional de drogas na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
Em junho de 2019, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação com o cumprimento de mandados de busca em imóveis de alto padrão, na cidade de Porto Velho, alugados pelos familiares de Jarvis, ocasião na qual ocorreu a apreensão de arma, munições e diversos documentos e equipamentos eletrônicos que reforçaram o esquema de lavagem de capitais.
A segunda fase da operação foi deflagrada em julho de 2020, com o apoio do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e da Receita Federal, desmantelando financeiramente a organização criminosa dedicada à lavagem e ocultação de bens, direitos e valores obtidos através do tráfico internacional de drogas, com a prisão de seus líderes e o sequestro dos bens adquiridos com dinheiro ilícito.
À época foram cumpridos 21 mandados de prisão e 5 mandados de prisão domiciliar, em razão das investigadas possuírem filhos menores de 12 anos de idade, além de 67 mandados de busca e apreensão.
A Justiça Federal determinou o sequestro específico de 17 veículos de luxo, avaliados em R$ 2.3 milhões, além do sequestro de todos os veículos em nome/em uso pelos investigados e cerca de 50 imóveis, com valores que superam a quantia de R$ 50 milhões.
Mesmo sem a apreensão de qualquer substância entorpecente ao longo da investigação, a Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 302 milhões das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e a suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas pela organização criminosa para a movimentação dos valores ilícitos.
Fruto da análise dos materiais obtidos na deflagração das fases anteriores, a Polícia Federal identificou novos indivíduos envolvidos no esquema de ocultação do patrimônio, com a localização de imóveis e veículos pertencentes à organização.
Nesta nova fase das investigações, a partir da análise dos dados, foram identificados 58 veículos e 73 imóveis de luxo e elevado valor, avaliados em mais de R$ 80 milhões, sendo que parte desses bens já haviam sido vendidos a terceiros de boa-fé.
Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, Bahia, Santa Catarina e Distrito Federal, além do sequestro de 16 veículos e 66 imóveis que permanecem na posse do grupo criminoso, todos expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal de Porto Velho.
Em MS, os mandados foram cumpridos em dois endereços na Rua Calógeras, em Ponta Porã. Um dos endereços é do irmão dele.
O nome da operação faz referência ao codinome (Pavão) pelo qual Jarvis é mundialmente conhecido pelo seu envolvimento com o tráfico internacional de drogas e armas.
Ele permaneceu preso no Paraguai durante oito anos e foi expulso para o Brasil, em 2017, quando passou a cumprir sua pena em estabelecidos prisionais federais.