O diretor da PED (Penitenciária Estadual de Dourados), o policial penal Rangel Schveiger,foi afastado do cargo e vai usar tornozeleira eletrônica por suspeita de envolvimento em assassinato dentro da cadeia. É o que diz nota oficial divulgada pela Polícia Federal sobre a Operação Sátrapa, deflagrada nesta quinta-feira (13) pela Ficco/MS (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Mato Grosso do Sul).
Conforme a PF, foram cumpridos hoje cinco mandados de busca e apreensão em Dourados, Rio Brilhante, Naviraí e Marília (SP), além da determinação de afastamento das funções do diretor da PED.
A investigação teve início em 2024, após o recebimento de informações sobre policial penal que estaria ingressando na Penitenciária Estadual de Dourados com droga e celulares. O policial chegou a ser preso em flagrante, em julho do ano passado, transportando 1,5 quilo de droga para o interior da unidade prisional.
Durante as investigações, segundo a PF, identificou-se a suspeita do envolvimento de policiais penais com, ao menos, um homicídio cometido dentro da penitenciária de Dourados.
Um preso, que se afirma líder de facção criminosa, teria participação no crime. Atualmente ele está recluso em presídio federal. “Há suspeita de que a companheira do preso, que é advogada, tenha participação nos crimes”, segundo a nota da Ficco/MS. Entretanto, a PF não informou qual teria sido o envolvimento do diretor afastado hoje.
As investigações continuam para identificar eventuais outros participantes e outros crimes que possam ter sido cometidos pelos envolvidos.
“Sátrapas” eram governadores de Satrapias, na antiga Pérsia. Tais governadores eram indivíduos poderosos, arbitrários e tiranos, que se utilizavam do aparato estatal para atingir seus interesses pessoais. Indícios históricos revelam ainda que os Sátrapas jogavam pessoas contrárias ao seu governo em cova dos leões desarmadas para serem mortas, “assim como os crimes apurados nesta investigação”.
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Mato Grosso do Sul é composta pela Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal Estadual e Secretaria Nacional de Políticas Penais.
Defesa
Em nota, o advogado Ângelo Magno Lins do Nascimento afirmou que ao longo de toda a sua trajetória como policial penal e servidor público, de Rangel Schveiger sempre atuou com seriedade e comprometimento no combate ao crime organizado e às facções criminosas, “jamais dando qualquer motivo para que seu nome fosse associado a tais atividades ilícitas.
Segundo o advogado de defesa, Rangel possui “conduta profissional exemplar” e tem colaborado integralmente com as investigações desde que teve ciência da operação deflagrada, “confiando que todos os fatos serão devidamente esclarecidos”.
Reitera, ainda, que jamais manteve qualquer tipo de vínculo com organizações criminosas e que sua atuação sempre se pautou pela legalidade e pelo interesse público. “A defesa reafirma sua confiança na Justiça e na transparência das investigações”.