Após citar o autismo para justificar porque ignorou o acordo para desocupar a cadeira do presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Pollon (PL) passou o fim de semana publicando vídeos com ataques nas redes sociais. “Jamais usarei o laudo como escudo”, afirmou e passou a acusar a mídia por ter repetido suas palavras sobre a justificativa de não estar entendendo o que estava acontecendo.
“A maldade da imprensa vil do Brasil não tem limites, é nojento”, bradou o deputado bolsonarista. “Isso é sujo, é nojento, isso é hipócrita”, lamentou Pollon, em um dos vários vídeos de fúria.
“Preconceito não me define. Sou advogado, professor universitário, deputado federal, marido, pai de cinco filhos… e autista. O transtorno me impõe desafios, mas nunca afetou minha capacidade, meu discernimento, meu caráter ou o meu compromisso com a verdade”, disse.
Em outras publicações, ele voltou a reafirmar que não se arrepende do que fez. “Em momento algum eu disse que não sabia o que estava fazendo e do que estava acontecendo”, garantiu, na nova versão.
“Tenho plena consciência do que eu estava fazendo ali e porque estava”, garantiu, mostrando imagens dos presos e condenados pelo 8 de janeiro que estariam sendo maltratados nos presídios. O parlamentar deveria saber que a superlotação e falta de condições humanas é uma realidade de todo o sistema prisional brasileira e, frequentemente, é denunciado pelos defensores dos direitos humanos.
“Repito, não vou parar”, bradou o parlamentar, orgulhoso. Em seus discursos boquirrotos, ele já atacou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), a quem chamou de “porra” e “baixinho de um metro e sessenta”.
Em outro vídeo, Pollon criticou o orçamento de R$ 1 bilhão para o Supremo Tribunal Federal e lamentou a falta de dinheiro para as famílias que estão com fome e para a segurança pública. Só faltou criticar o gasto do Brasil com o parlamento federal, que custa mais de R$ 5 bilhões e é o mais caro do mundo, superando inclusive os países ricos, como Estados Unidos e Alemanha.
Pollon passou a ter um discurso tão radical que acabou não sendo ouvido nem por Jair Bolsonaro (PL). No ano passado, o ex-presidente determinou a sua destituição do diretório regional do PL após ele se recusar a apoiar o candidato a prefeito do PSDB, Beto Pereira.
Bolsonaro também ignorou suas críticas ao ex-governador Reinaldo Azambuja e ao PSDB. Tanto que dará o comando do partido ao tucano no Estado e ainda deixará Pollon sem espaço no PL. Sem prestígio junto ao ex-presidente, ele cogita trocar o PL pelo Novo para ser candidato à reeleição, Senado ou governador.