Em meio a guerra com os desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, o Ministério Público Estadual conseguiu a colaboração premiada de uma empresária na Operação Laços Ocultos. A delação reforça a denúncia contra a suposta organização criminosa comandada pelo ex-vereador Valter Brito da Silva (PSDB), um dos políticos mais poderosos e influentes de Amambai.
A informação da colaboração premiada foi informada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) à juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande. Na petição para a magistrada convalidar os atos do juiz Daniel Raymundo da Matta, da Vara Criminal de Amambai, a coordenadora do órgão, procuradora Ana Lara Camargo, cita os processos e um se refere a colaboração premiada.
O Jacaré apurou que a delação premiada foi firmada com a empresária Joice Mara Estigarribia da Silva, proprietária da Empresa J& A Construtora. Conforme o relatório do GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção), a construtora repassou R$ 868,4 mil para os integrantes do suposto esquema criminoso.
A J&A Construtora é apontada pelo MPE como integrante da rede de empresas usadas por Valter Brito para fraudar, vencer licitações e desviar recursos da Prefeitura Municipal de Amambai. No total, o grupo recebeu mais de R$ 30 milhões do município.
A delação ocorreu em meio a guerra entre os promotores e a defesa dos réus sobre o foro competente para analisar desde o inquérito até a ação penal decorrente da Operação Laços Ocultos. Os advogados ganharam o primeiro round e conseguiram junto à 3ª Câmara Criminal do TJMS para que o processo seja encaminhado para uma das varas criminais de Campo Grande.
Os promotores querem manter toda a ação em Amambai, onde a titular da investigação é a promotora Nara Mendes dos Santos Fernandes. O GECOC não consta da lista de órgãos do Provimento 162/2008, do Conselho Superior da Magistratura. E o Gaeco atuou no caso para auxiliar o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e das prisões dos acusados de integrar o esquema criminoso.
Joice é a terceira a fazer delação premiada contra esquema de corrupção em Mato Grosso do Sul. O segundo foi o ex-servidor de Sidrolândia, Tiago Basso da Silva, que teve a delação homologada pelo desembargador Paschoal Carmello Leandro na Operação Tromper.
O primeiro delator foi o empresário Ivanildo da Cunha Miranda na Operação Lama Asfáltica. Ele teve as revelações homologadas pela 3ª Vara Federal de Campo Grande e revelou detalhes do suposto esquema comandado pelo ex-governador André Puccinelli (MDB).