O secretário de Articulação Regional de Campo Grande, Darci Caldo, responde a um processo na Justiça por agressão e ameaça contra uma cirurgiã dentista. O caso ocorreu durante a campanha eleitoral do ano passado e ela ocupava o cargo de assessor especial da prefeita Adriane Lopes (PP).
No mesmo dia do suposto crime, Caldo procurou Polícia Civil para rebater a acusação e registrou boletim de ocorrência contra a suposta vítima por “calúnia”. Ele negou que tenha agredido a mulher. Darci Caldo atuou em Dourados, onde foi secretário de Governo na gestão de Ari Artuzi (morto em 2013).
O caso ocorreu no dia 15 de setembro do ano passado na Feira do Bosque da Paz, no Carandá Bosque, na Capital. Cristina de Matos Oliveira contou que estava realizando publicidade durante a feira, quando foi abordada pelo hoje secretário municipal de Articulação Regional.
Darci segurou e apertou os punhos da cirurgiã dentista e tentado tomar o telefone celular. Em seguida, como não conseguiu, o assessor de Adriane teria ameaçado a mulher. Cristina ainda contou que ele a ficou seguindo na feira. Ela trabalhava para um adversário de Adriane Lopes, que foi candidata à reeleição.
Ela registrou o caso na Polícia Civil e o caso foi parar no Juizado Especial Central de Campo Grande. Darci é apontado como autor do suposto crime de ameaça e vias de fato.
Naquele mesmo dia, por volta das 20h, ao tomar conhecimento do registro policial e das postagens em grupos de aplicativos e nas redes sociais, de que teria agredido “Tina Matos”, Darci Caldo também procurou a polícia para registrar boletim de ocorrência por calúnia.
No boletim de ocorrência, o secretário negou que tenha agredido a mulher. Ele diz que não a ameaçou em nenhum momento. Darci diz que passou a ser perseguido pela cirurgiã dentista na Feira do Bosque da Paz e teria se limitado a dizer a ela, que tentava filmá-lo: “estou fazendo o meu trabalho”. A denúncia do secretário tramita na 11ª Vara do Juizado Especial.
Em manifestação no início do mês, o promotor de Justiça Júlio Bilemjian Ribeiro opinou pela unificação dos dois processos para evitar decisões divergentes.
“Ocorre que, o autor do fato também compareceu à unidade policial e registrou outra ocorrência, o BO n. 6916/2024, referente aos mesmos fatos ocorridos, todavia, noticiando que teria sofrido calúnia por parte de Cristina de Matos Oliveira, o que ensejou a abertura do TCO n. 0904940-94.2024.8.12.0110, o qual está em trâmite na 11ª Vara do Juizado Especial”, contou o promotor.
“Destaca-se, ademais, que os presentes autos foram distribuídos judicialmente previamente, de modo que este juízo se encontra prevento para o processamento de ambos os procedimentos. Com efeito, diante da conexão acima apontada, os procedimentos devem tramitar de forma conjunta, de modo a se evitar eventuais decisões conflitantes”, afirmou.
Operação Uragano
Nesta quinta-feira (26) a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul julga recurso de Darci Caldo para anular condenação a nove anos de prisão pela corrupção em Dourados. Ele teria recebido propina e foi flagrado dizendo que recebeu R$ 2 milhões.
O julgamento do recurso pode livrar todos os réus condenados pela Operação Uragano, deflagrada há 15 anos para apurar denúncias de corrupção na Prefeitura de Dourados. A lista de réus que recorreram ao Tribunal de Justiça ainda é composta por Dilson Deguti Vieira (ex-secretário de Saúde em Dourados), Selmo Marques de Oliveira (então técnico de controle externo do Tribunal de Contas), Dirceu Aparecido Longhi (ex-vereador), José Carlos Cimatti Pereira (ex-presidente da Câmara de Dourados) e José Carlos de Souza (o Zezinho da Farmácia, ex-vereador).
Em 2024, eles foram sentenciados pelo escândalo do “mensalinho” na Câmara Municipal de Dourados. O juiz da 1ª Vara Criminal, Marcelo da Silva Cassavara, impôs penas que variam de 2 a 11 anos.
O relator do recurso é o desembargador Emerson Cafure. O MPE é a favor da redução da pena e extinção da punição porque os crimes prescreveram em decorrência da morosidade da Justiça estadual.