A fusão do PSDB com o Podemos, que deve ser anunciada até o fim deste mês, fortalece a candidatura à reeleição da senadora Soraya Thronicke (Podemos). No entanto, o novo partido, mesmo mais robusto, não assegura a permanência do governador Eduardo Riedel e do presidente regional do PSDB, Reinaldo Azambuja.
A saída dos maiores caciques tucanos poderá comandar a debandada no Estado, junto com vereadores, deputados estaduais e federais e prefeitos. Atualmente, o PSDB é a sigla mais forte em Mato Grosso do Sul – 45 prefeituras são comandas pelos tucanos.
Favoritíssimo à reeleição em 2026, Riedel é cortejado pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e até pela senadora Tereza Cristina (PP).
Apontado como nome forte na disputa do Senado, Reinaldo também pode optar por um partido com mais recursos e tempo de televisão. Só que o ex-governador vai precisar de uma estratégia definida para não repetir a frustração de outros favoritos no passado.
O mais clássico é o ex-governador Pedro Pedrossian (MDB) em 2002, que liderou todas as pesquisas e acabou em 3º lugar, perdendo a vaga para o desconhecido Delcídio do Amaral, na época no PT, e para o decano Ramez Tebet.
Outros dois casos ocorreram na eleição de 2018, quando a neófita Soraya Thronicke surfou na onda do bolsonarismo e derrotou um trio de favoritos – o ex-governador Zeca do PT, o então senador Waldemir Moka (MDB) e o candidato governista e ex-secretário de Infraestrutura, Marcelo Miglioli.
A fusão do PSDB-Podemos também pode não definir o futuro de Riedel e Reinaldo. Eles podem estender a novela a espera de uma possível federação com o Republicanos, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
A eventual filiação de Riedel ao PSD fortaleceria a candidatura à reeleição de Nelsinho Trad (PSD). Caso vá para o PP, ele poderá engrossar o caldo do candidato a ser escolhido por Tereza Cristina. Estão no páreo o deputado federal Dr. Luiz Ovando, o presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro, e o próprio Miglioli.
Caso o governador reforce o PL, ele vai dar uma tremenda ajuda para a candidatura da vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira, já lançada por Bolsonaro. E caso continue no novo partido, a ser formado entre PSDB e Podemos, Riedel e Reinaldo ficarão livres para definir a aliança para 2026.
A outra vantagem para o governador é que ele ganha tempo para se definir para a disputa presidencial de 2026. Ficaria em um partido neutro na polarização entre bolsonaristas e petistas e poderia manter o jogo que o elegeu em 2018. E ainda ganha espaço para se projetar nas eleições futuras.
Aliás, a fusão não garante nem a permanência do único deputado estadual do Podemos. Rinaldo Modesto, o Professor Rinaldo, afirmou que vai esperar a janela partidária, prevista para março, para definir se fica no novo partido ou se filia a outra sigla.