Francisco Cezário é suspeito de desviar pelo menos R$ 6 milhões repassados pelo Governo de MS e pela CBF
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), deflagrou na manhã desta terça-feira (21) a Operação Cartão Vermelho, com o intuito de desmontar organização criminosa voltada à prática de peculato e demais delitos correlatos, no âmbito da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul).
Durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou na Federação de Futebol de MS uma organização criminosa cujo principal objetivo era desviar valores, provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da FBF (Confederação Brasileira de Futebol), em benefício próprio e de terceiros.
O principal alvo é o presidente da FFMS, Francisco Cezário de Oliveira, que comanda a entidade desde 1998. Pelo menos R$ 800 mil em dinheiro vivo foram apreendidos durante as buscas nesta manhã.
Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, em valores não superiores a R$ 5.000,00, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema.
Nessa modalidade, verificou-se que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3 milhões.
A organização criminosa também possuía esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul.
Ao todo, os valores desviados da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul no período de setembro de 2018 até fevereiro de 2023 superaram R$ 6 milhões.
A operação cumpre sete mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Em Dourados, os alvos são uma empresa de confecção de uniformes esportivos e um restaurante.
Equipes da Polícia Militar prestam apoio operacional ao Gaeco. A operação conta também com participação de representantes da Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados de Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil.