Preso por corrupção na Secretaria de Saúde de MS, Thiago Mishima está nomeado no gabinete de deputado
Ex-gestor de contratos da Secretaria Estadual de Saúde, Thiago Haruo Mishima, um dos presos no âmbito da Operação Turn Off, deflagrada ontem (29), é assessor do deputado federal Geraldo Resende (PSDB). Segundo pesquisa feita pelo Dourados Informa no site da Câmara dos Deputados, Thiago é secretário parlamentar de Geraldo e tem salário de R$ 10.210,48.
A operação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) investiga atuação de organização criminosa instalada no Governo de Mato Grosso do Sul, acusada de desviar pelo menos R$ 68 milhões através de licitações fraudulentas e preços superfaturados.
Outro homem de confiança de Geraldo Resende no alvo das investigações é Flávio da Costa Brito Neto, marido da vereadora de Campo Grande Luiza Ribeiro (PT). Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados a ele e seu celular foi apreendido.
Até ontem secretário-adjunto da Casa Civil do governador Eduardo Riedel (ele foi exonerado hoje junto com outros servidores investigados), Flávio é ligado a Geraldo Resende há pelo menos duas décadas.
Em 2004, quando Geraldo exercia o primeiro mandato na Câmara Federal, Flávio Brito já era seu chefe de Gabinete. Ele continuou trabalhando com o deputado douradense ao longo dos anos e no Governo Reinaldo Azambuja, quando Geraldo era secretário de Saúde, Flávio Brito foi chefe de Gabinete da Secretaria de Saúde.
Em abril do ano passado, quando Geraldo deixou a pasta para se candidatar a deputado federal, Flávio foi nomeado por Reinaldo como titular da Secretaria Estadual de Saúde. Com a eleição de Eduardo Riedel, foi mantido no governo, agora no segundo cargo mais importante da Casa Civil.
“Não tenho nada a ver”
Em entrevista ao site Campo Grande News, Geraldo Resende negou qualquer ligação com o esquema, apesar de dois de seus homens de confiança estarem entre os investigados.
“Eu não vou comentar nada, não. Não tenho nada relacionado a isso. Eu não tenho nada a ver, não é do meu período, não tenho nada a falar. Como eu vou comentar uma coisa que nada tenho a ver? Eu não sei nem o conteúdo. É como se eu perguntasse para outro deputado o que está achando disso, pode olhar se tem alguma coisa a ver com a minha gestão”, afirmou. Ainda ontem, o deputado informou que mandou afastar Thiago Haruo Mishima de suas funções, mas não disse se ele será exonerado.
Segundo a Justiça estadual, está evidente “a prática reiterada e contemporânea dos crimes contra a administração pública, de forma que os empresários (Lucas de Andrade Coutinho e Sérgio Duarte Coutinho Júnior), valendo-se da interferência de servidores públicos (Edio Antônio Resende de Castro, Andréa Cristina Souza Lima, Simone Ramires de Oliveira Castro e Thiago Haruo Mishima,) e do coordenador da Apae (Paulo Henrique Muleta Andrade), bem como com o auxílio do operador do esquema criminoso (Victor Leite de Andrade), pagaram ‘propina’ em troca do favorecimento de suas empresas”.
Gaspar Francisco Hickmann
Pois é, em 2005, esse deputado esses mesmos assessores armaram inumeras denuncias e conspirações contra a minha administração na Funasa, até que eu pedi exoneração do cargo de Coordenador Regional. Passado algum tempo, Geraldo Resende conseguiu nomear seu chefe de Gabinete, Flavio Brito, que posteriormente veio a ter suas contas na Funasa julgadas irregulares, condenado a multa e proibido de ocupar cargos publicos por oito anos. Não é estranha coinscidencia que mais uma vez a tropa esteja envolvida em irregularidades ?