A juíza May Melke Amaral, titular da 4ª Vara Criminal em Campo Grande, recebeu a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) contra 15 investigados na operação “Successione”.
A
investida foi deflagrada no ano passado contra um grupo acusado de agir
de forma violenta para tentar tomar o controle do jogo do bicho na
capital de Mato Grosso do Sul e assumir o “espólio” deixado pela
operação Omertà, que levou para a cadeia integrantes da família Name,
antes conhecida por dominar o jogo de azar.
Entre
os agora réus, está o deputado estadual Neno Razuk, o que faz com que a
ação tenha um caminho diferente. Além de notificar as defesas para
responder às acusações, a juíza também oficiou a Alems (Assembleia
Legislativa de Mato Grosso do Sul). O Poder Legislativo tem a
prerrogativa de decidir se vai autorizar o andamento do processo em
relação ao parlamentar ou se pedirá a sustação.
A denúncia foi protocolada em 19 de dezembro de 2023, e aguardou o retorno da juíza de férias para ser apreciada
As
15 pessoas são acusadas pelo Gaeco de “constituir uma organização
criminosa dedicada à prática dos crimes de roubo majorado, exploração de
jogos de azar, corrupções, entre outros”.
Entre os denunciados, há
policiais militares reformados, empresários e outras pessoas que serão
comandadas por Neno Razuk, segundo a denúncia.
O estopim da operação foi a descoberta de 700 máquinas de registro de
aposta do jogo do bicho em Campo Grande, em outubro do ano passado.
Dez
pessoas que são alvos da ação do Gaeco estavam no lugar, entre elas
dois assessores diretos de Neno Razuk na Assembleia, que foram
exonerados.
A reportagem fez contato com a defesa de Neno, no número de telefone do próprio deputado, e não obteve retorno.
O
encaminhamento em relação a Neno Razuk é o mesmo que foi dado ao caso
do deputado estadual Jamilson Name (PSDB), que é réu na Omertà. No caso
de Jamilson, os parlamentares, por 18 votos a 2, chegaram a rejeitar
medidas cautelares impostas pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara
Criminal, onde correm ações da operação Omertà, mas o juiz acabou
decidindo contrariamente.
Jamilson usou tornozeleira por um mês e
ficou impedido de sair à noite. Ele segue como réu em duas ações
derivadas da ofensiva do Gaeco, apontado como um dos chefes de
organização criminosa que usava empresa de fachada, um título de
capitalização, para lavar dinheiro vindo do jogo do bicho.
O deputado nega todas as denúncias e diz que nunca se envolveu com ações ilegais.