Dos 3 senadores de Mato Grosso do Sul, o ex-prefeito de Campo Grande Nelsinho Trad (PSD) foi o único que não assinou o pedido de abertura de CPI para investigar suspeita de corrupção e de tráfico de influência no Ministério da Educação.
O documento pedindo instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito foi protocolado nesta terça-feira (28) pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Entre as 30 assinaturas estão das senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). Nelsinho e Soraya integram a base aliada do governo Bolsonaro no Senado, mas ela tem mantido posição de independência na Casa.
Para que a comissão inicie os trabalhos, é necessário que o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) faça a leitura do documento em plenário.
O regimento do Senado prevê que pedidos de abertura de CPIs precisam ser assinados por, no mínimo, 27 senadores — um terço dos 81 que compõem a Casa. Até a publicação desta reportagem, 30 parlamentares haviam assinado.
A criação da CPI ganhou força na semana passada, após o ex-ministro da educação Milton Ribeiro e pastores denunciados terem sido presos pela Polícia Federal — eles já foram soltos, mas as investigações continuam.
Milton Ribeiro foi preso no dia 22 – e solto no dia 23 – na ação da Polícia Federal que investiga a suposta atuação de pastores na liberação de recursos do Ministério da Educação.
Em março deste ano, se tornou conhecida uma gravação na qual Ribeiro, ainda como ministro, disse que priorizava o repasse de dinheiro a municípios indicados por pastores e que, ao fazer isso, atendia a um pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Depois, Milton Ribeiro negou. Afirmou que não priorizava municípios indicados por pastores e que Bolsonaro não havia lhe pedido isso. O episódio levou à demissão do então ministro.
Com a saída de Ribeiro do cargo, as investigações saíram do STF e foram para a Justiça Federal em Brasília. O juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal, entendeu que, soltos, Ribeiro e os pastores poderiam interferir nas investigações e, por isso, determinou a prisão deles.
Um dia depois, o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), com sede em Brasília, mandou soltar os investigados. O magistrado entendeu que medidas cautelares seriam mais adequadas porque Ribeiro não é mais ministro. (Com informações do G1)