O deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk, apontado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) como líder da organização criminosa que queria o controle do jogo do bicho em Campo Grande e também, ao menos, na região sul de Mato Grosso do Sul, negociava investimento de R$ 30 milhões na atividade ilegal. As analises são de relatório da Operação Successione, do Gaeco.
Interceptações telefônicas e de mensagens obtidas no telefone do braço direito e um dos gerentes do grupo de Razuk na Capital, o major reformado da Polícia Militar, Gilberto Luiz dos Santos, mostram a liderança do deputado estadual no esquema e conversas sobre o aporte de R$ 30 milhões de investidor de fora do Estado no jogo do bicho em Campo Grande.
Transcrição de áudio de Gilberto, o “Barba”, a Neno revela que o tal investidor, não identificado, afirmou que havia avisado ao homem que o colocaria em contato com o deputado para “explicar como funciona” o esquema. Razuk, por sua vez, chegou a citar na conversa que iria explicar que o Brasil estava em vias de legalizar a atividade ilícita e que não haveria nada de ilegal nas tratativas.
“Tem-se, então, que, apesar de o gerente (Gilberto Luiz) representar ostensivamente os interesses da organização criminosa, é o líder Roberto Razuk Filho (“Neno Razuk”) quem dá a última palavra sobre as tratativas ilícitas e detém maior expertise sobre a exploração ilegal do jogo do bicho”, cita relatório do Gaeco, que classificou a conversa como “esclarecedora” e afirmou ter sido realizada em 1º de dezembro do ano passado.
O grupo de Razuk teria sido procurado por tal investidor para planejar o controle do jogo do bicho no estado de Goiás, onde o líder seria o Carlos Augusto Ramos, o “Cachoeira”. “Ele apareceu do nada aí, me ligou pra tomar uma gelada, aí lembrou daquela situação que ele queria derrubar o Cachoeira lá de Goiânia. Eu falei “Ah cara! Eu não sei como que tá aquilo lá não, ninguém mais te ligou?””, revela o diálogo transcrito pelo Gaeco. Assim, surgiria a tentativa de parceria para o aporte de R$ 30 milhões.
O deputado, por sua vez, teria falado para Gilberto para que colocasse ele em contato com o investidor através de videoconferência. “Por fim, o líder (Neno Razuk) instruiu o gerente (...) a fazerem videoconferência com o interessado na “parceria” para explicar todos os detalhes da atividade ilícita que, ao ver deles, “não tem nada de ilegal” (“Na hora que eu tiver junto com você Gilberto, a gente faz uma chamada de vídeo pra ele, pra eu explicar o que que é o negócio, porque não existe nada de ilegal, então a gente pode conversar tranquilamente, entendeu?”)”, reproduz o documento do Gaeco.
Para o Grupo de Repressão, tais conversas revelam a liderança do deputado à frente da organização criminosa. Razuk é deputado estadual eleito em outubro de 2022 com 17.023 votos. Ele nega as acusações e afirma que é alvo de uma armação.
Em 22 de fevereiro, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul foi oficiada sobre o processo da Operação Successione. O presidente da Casa de Leis, Gerson Claro, disse na ocasião que a investigação não está diretamente relacionada ao mandato do parlamentar, por isso, uma possível investigação interna ou afastamento só seria discutido se houvesse pedido formal de um partido político. (CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS)