A oposição conseguiu as 41 assinaturas necessárias para protocolar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Os senadores Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP), de Mato Grosso do Sul, assinaram o pedido feito para vingar a ofensiva do magistrado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que teve a prisão domiciliar decretada na última segunda-feira (4).
Apenas a senadora Soraya Thronicke (Podemos) não assinou o requerimento, conforme a lista divulgada pelo senador Carlos Portinho (PL), do Rio de Janeiro. Para ser aprovado, o impeachment do ministro precisa do apoio de 54 dos 81 senadores.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), do Amapá, antecipou que não vai aceitar o pedido nem pautar o afastamento do magistrado. Essa é a principal bandeira bolsonarista no Senado após Bolsonaro ser declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral e estar prestes a ser condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado.
A impeachment de Moraes foi o principal tema do “Reaja Brasil”, manifestação realizada no último domingo pelos bolsonaristas. Eles acusam o ministro de abuso de poder e o transformaram no principal inimigo.
“É com preocupação que vejo a intensificação de conflitos entre instituições, justamente em um momento em que o Brasil mais precisa de estabilidade, diálogo e pacificação. Quando o abuso de autoridade ultrapassa a razão, instala-se a desconfiança nas instituições”, postou Nelsinho, nas redes sociais.
Réu em várias ações por improbidade administrativa e corrupção, Nelsinho chegou a ser condenado pela fraude na licitação e pagamento de propina no caso da licitação do lixo. No entanto, ele foi absolvido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, mas o Ministério Público Estadual recorreu ao Superior Tribunal de Justiça.
Ele também está envolvido no escândalo do Gisa, como ficou conhecido o escândalo do desvio milionário da modernização nos postos de saúde, que não saiu do papel. O senador aposta no apoio dos bolsonaristas para tentar um segundo mandato no Senado. A manifestação contra Moraes é fundamental para obter o apoio.
Já Tereza Cristina assinou o pedido apesar do presidente naiconal do seu partido, Ciro Nogueira, do Piauí, de não ter assinado. A ex-ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro até evitou o impeachment do ministro Alexandre de Moraes em coletiva realizada nesta quarta-feira, mas acabou sendo bombardeada pelos bolsonaristas e cedeu a pressão.
Por enquanto, Soraya, que chegou a defender a CPI da Lava Toga, não assinou o pedido contra Moraes. Eleita como a “senadora do Bolsonaro”, ela passou a fazer oposição do ex-presidente na pandemia da covid-19 e elevou o tom durante a campanha presidencial de 2022.
O impeachment de Alexandre de Moraes é defendido pelos Estados Unidos e pelo presidente Donald Trump. O Governo americano aplicou tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros para forçar o ministro a recuar e livrar Bolsonaro de qualquer punição pela Justiça brasileira.