O vereador Laudir Munaretto (MDB) que, há poucos dias fez alerta para a possibilidade de que a falta de água nas aldeias de Dourados provocasse a repetição da tragédia que se abateu sobre os índios yanomamis, elogiou ontem, durante discurso na tribuna da Câmara, a iniciativa do Governo do Estado, sob coordenação do vice-governador Barbosinha, de criar um Grupo de Trabalho para verificar in loco a situação, que classificou como "desumana".
"É preciso lembrar que a questão da falta de água na Reserva não é novidade. Os mais de 20 mil moradores da Reserva estão cansados de comer poeira com a passagem de caravanas oficiais que lá aportam para verificar o problema. Acredito na equipe coordenada pelo vice-governador Barbosinha. Ele próprio é um profundo conhecedor desse drama, pois lá esteve várias vezes à época em que exercia mandato na Assembleia e como presidente da Sanesul", afirmou o presidente da Câmara.
"Defendemos e vamos dialogar para que haja o engajamento efetivo nesta causa não só de todos os vereadores, mas também da OAB, dos nossos representantes na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, do Ministério Público da União, das Associações representativas e capitães das aldeias e, enfim, de todas as forças vivas da sociedade na luta pelo que penso ser uma das medidas efetivas para resolver o problema: a entrada na Reserva Indígena da Sanesul, o único dos órgãos incluídos na Comissão formada pelo Governo do Estado que tem capacidade financeira e operacional para executar os serviços de implantação de rede de água e outras necessidades para que a água que jorra nas torneiras casas que ladeiam a aldeia chegue também à comunidade indígena", propôs Laudir, assinalando que a entrada da Sanesul na Reserva será "uma efetiva demonstração de compromisso e responsabilidade social e de apreço à cidade, que aprovou, com aval desta casa, a concessão da exploração do serviço de água e esgoto por mais 30 anos pela empresa".
"Da prevista visita técnica aos desdobramentos dessa visita precisamos estar juntos, cobrando o que na medicina se chama resolutividade, solução. As crianças e os demais moradores das nossas aldeias não podem esperar mais", reforçou Laudir, para o qual o drama vivido pelos indígenas não comporta mais medidas paliativas como a construção de poços artesianos. Para Laudir, a Reserva Indígena de Dourados precisa de rede de distribuição, ETE (Estação de Tratamento de Água Esgoto), unidade operacional do sistema de esgotamento sanitário que através de processos físicos, químicos ou biológicos removem as cargas poluentes do esgoto, devolvendo ao ambiente o produto final, efluente tratado, em conformidade com os padrões exigidos pela legislação ambiental) que, nas palavras do vereador, "garantam a todos os indígenas o mais elementar direito do ser humano, que é ter água pura para beber", afirmou.