Três engenheiros ligados a empreiteiras estão entre os alvos dos mandados de prisão preventiva decretados no âmbito da Operação Laços Ocultos. Deflagrada ontem (16) pelo Ministério Público, a operação investiga esquema de corrupção que teria lucrado, nos últimos seis anos, quase R$ 80 milhões através de licitações fraudulentas e obras superfaturadas.
Além do vereador Valter Brito da Silva (PSDB), o Campo Grande News apurou que foram presos os engenheiros Jonathan Fraga de Lima, da JFL Construtora; Joice Mara Estigarribia da Silva, da J & A Construtora Ltda.; e Leticia de Carvalho Teoli Vitorasso, da C&C Construtora.
Também teve a prisão decretada a servidora de carreira da prefeitura, Jucélia Barros Rodrigues, fiscal de contratos e espécie de “braço direito” de Valter Brito. Exercendo o nono mandato na Câmara e atual líder do prefeito Edinaldo Bandeira (PSDB) no Legislativo, Brito é sócio de uma construtora em Amambai. Entretanto, ela não foi localizada e está foragida.
A reportagem apurou que o vereador Geverson Vicentim (PDT) também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas ele não foi localizado e é considerado foragido, assim como Jucélia.
Além dos seis mandados de prisão, o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) cumpriram 44 mandados de busca e apreensão em Amambai, Campo Grande, Bela Vista, Naviraí e Itajaí (SC).
Armas
Mirian de Carvalho, 54, mulher do vereador Valter Brito, também alvo de mandados de busca, foi presa ontem por posse ilegal de armas e munições. Na casa dela, os policiais encontraram duas carabinas, uma de calibre 22 e outra de calibre 28, além de 50 munições.
Em outro endereço dela, no Residencial Analy, foi encontrada uma munição de calibre 38. Mirian assumiu ser dona do armamento e foi autuada em flagrante, mas pagou fiança e foi colocada em liberdade ontem mesmo.
Outro alvo de mandado de busca preso com armas foi o engenheiro Mauricio Sartoretto Martinez, 57, funcionário concursado da prefeitura. Na casa dele, policiais militares que apoiavam a operação encontraram sete armas de fogo, sendo três delas irregulares. Também estava de posse de munições irregulares, entre as quais cartuchos de fuzil calibre 7,62, de uso restrito.
A operação
Segundo o MP, investigação iniciada pela 1ª Promotoria de Justiça de Amambai relevou existência de organização criminosa que praticava corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, fraude em licitações e contratos públicos, além de lavagem de dinheiro. O grupo criminoso envolvendo políticos, servidores municipais e empresários, teria desviado pelo menos R$ 78 milhões nos últimos seis anos.
A organização atua fraudando licitações de obras e serviços de engenharia em Amambai e outros municípios, principalmente por meio de empresas ligadas a familiares, com sócios até então ocultos.
Análise feita em obras executadas por empresas do esquema e contrato apontou superfaturamento e inexecução parcial, além do pagamento de propina a agentes políticos e servidores públicos municipais que deveriam fiscalizar as obras.
Crédito: Campo Grande News