A criação da Deleagro (Delegacia Especializada de Combate à Crimes Rurais e Abigeato) pelo Governo do Estado foi considerada um avanço para o combate ao crime de roubo de gado pelo setor produtivo da região Norte do Estado .
Esperada há anos, a medida é comemorada por lideranças e representantes do setor rural da região norte do Estado, que constantemente sofre com esses tipos de crimes. De acordo com Eduardo Ferreira Coutinho, coordenador das atividades rurais do Sindicato Rural de Coxim, esse já era um pedido muito antigo dos produtores rurais da região norte para o Governo do Estado.
Demanda antiga foi atendida pela criação da Deleagro pelo governador Reinaldo Azambuja
“Nossa solicitação ao Governo foi pela segurança das áreas rurais, na defesa do contrabando de gado. Nossa área é de produção de animais, cria, recria e engorda, então sofremos muito com o furto de gado na região. E são roubos grandes, de caminhões cheios de gados e esses crimes não tem hora para acontecer. É muito bom saber da criação dessa delegacia e que vai contar com apoio das entidades e produtores rurais e também será um braço forte para o Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do MS), que sempre está na fiscalização dos animais. ”
Coutinho conta que de alguns anos para cá, algumas propriedades já vêm investindo em sistemas de monitoramento eletrônico, alguns já contam até com segurança armada para proteger seu patrimônio, pois como são investimentos altos, o prejuízo é maior ainda.
“Esses crimes tem um grande impacto financeiro para os produtores rurais, principalmente sobre os insumos agrícolas, que são os principais alvos das quadrilhas por conta do valor comercial. Tivemos grandes indícios de furtos sobre os defensivos agrícolas no Estado, a pessoa rouba o defensivo e vende no mercado externo, sem qualquer orientação, qualquer registro. Então, com certeza, acreditamos que a criação dessa delegacia especializada é muito importante para reduzir os crimes, pois as ações realizadas pela Deleagro irá ajudar a coibir o crime, tanto nas regiões de lavoura como para as regiões de criação de gado, que é o nosso caso. ”
Silvio Fonseca, presidente do Sindicato Rural de Rio Verde
Para o presidente do Sindicato Rural de Rio Verde, Sílvio Fonseca, é muito importante a criação da delegacia e a preocupação do Governo do Estado com essa realidade. “A criação da Deleagro só vem a somar, vai trazer mais segurança aos produtores e dará mais agilidade a esses tipos de crimes e isso é muito importante. O agronegócio é uma cadeia produtiva muito grande no nosso Estado, é um trabalho pesado, tem muito investimento e o retorno é a longo prazo, por isso toda segurança é bem-vinda. ”
Fonseca também ressalta que o custo da produção para o campo hoje é muito caro e que também são muito visados. “Os insumos estão muito caros e são visados pelos criminosos. Geralmente a maioria dos agricultores antecipam as compras e armazenam no barracão e é onde, também, os ladrões atuam e dependendo levam todo o estoque. Então, com uma polícia mais atuante, isso vai trazer mais segurança. ”
No sentido de repreensão a esse tipo de crime, o presidente do sindicato ressaltou o excelente trabalho de patrulhamento e abordagem que as polícias militares e civis já realizam no município.
Delegacia atuante
O delegado responsável pelas delegacias da Polícia Civil de Rio Verde e Rio Negro, Gabriel Cardoso Gonçalves Barroso disse que a Polícia Civil sempre empreendeu esforços no sentido de reprimir crimes que afetam não só os produtores rurais, mas também impactam toda economia estadual. “Compreendemos a importância do agronegócio no Estado. A venda clandestina de animais ou de insumos agrícolas irregulares comprometem a saúde pública e também impactam no crescimento econômico do Estado. Junto ao empenho da Polícia Civil, ressaltamos a importância da cooperação da vigilância sanitária e dos órgãos de controle e fiscalização para coibir a pratica desses crimes. ”
Gabriel Cardoso Gonçalves Barroso, delegado responsável pelas delegacias da Polícia Civil de Rio Verde e Rio Negro
Com a criação da Deleagro, o delegado enfatiza que as investigações serão mais concentradas e efetivas, dificultando a atuação dos criminosos. “A Deleagro terá atuação concorrente com as delegacias municipais de polícia, ou seja, nossa unidade de Rio Verde continua responsável por parte das investigações mas agora podemos contar com a delegacia especializada para investigação de casos de maior repercussão como as que envolvem associações e organizações criminosas”.
Com relação aos dados, é possível dizer que a região norte do Estado apresenta índices frequentes de crimes relacionados com a atividade rural, em especial na região do Pantanal. Na cidade de Rio Verde é comum que pelo menos um caso de abigeato seja registrado por mês. A maior parte desses crimes acabam com a prisão em flagrante dos executores, porém outros permanecem em investigação.
O delegado explica que o modo de agir dos bandidos é variado e, que muitas vezes conta com auxílio de pessoas que conhecem a região. “Muitas vezes o bando pratica o crime carneando os animais no local ou destinam para outras propriedades onde realizam o comércio ilegal. Muitos desses crimes acontecem com auxílio de pessoas que conhecem a região e a rotina da propriedade, como os próprios funcionários”.
A polícia civil pede para que a população denuncie a venda ilegal de animais e o comércio de carne imprópria para o consumo.
Legislação
Recentemente a legislação também foi alterada para aumentar os vigores da pena do crime de abigeato, que se justifica não só pelo prejuízo causado para a vítima como também o impacto que essa venda clandestina causa na saúde pública e na economia estadual.
Com a criação da Deleagro, estes crimes rurais que antes eram investigados pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), passam a ser competência da unidade especializada.
O decreto que cria a nova delegacia pode ser conferido na página 7 da edição do Diário Oficial do dia 28 de abril.
Adriana Queiroz, Segov
Fonte: Governo Federal