Secretário reclamou hoje da demora em ativar leitos no HU, mas monitores não foram entregues pelo Estado
Nem mesmo a pandemia de covid-19 que já provocou a morte de quase 6.700 sul-mato-grossenses faz o secretário estadual de Saúde Geraldo Resende descer do palanque eleitoral.
Nesta sexta-feira (28), em mais uma demonstração que trata a saúde com interesses eleitoreiros, Geraldo tentou transferir para o município de Dourados a responsabilidade pela demora na ativação de mais dez leitos de UTI no Hospital Universitário.
Durante entrevista a jornalistas de Campo Grande, Geraldo Resende ameaçou encaminhar ofícios ao prefeito de Dourados Alan Guedes (PP), à UFGD, à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e ao ministro da Educação Milton Ribeiro para cobrar providências.
Ele afirmou que a instalação dos 10 leitos de UTI e 20 leitos clínicos na cidade começou a ser discutida em março, há 80 dias, durante a vinda do ministro a Dourados, mas até agora não saiu do papel.
Geraldo disse que já mandou equipamentos, que alguns foram devolvidos por deliberação da UFGD. “Assumimos tudo que era de responsabilidade do município de Dourados para a abertura de leitos, para não deixarmos de ter leitos de UTI e leitos clínicos para a gente de Dourados e região”, discursou.
Só que a verdade é bem diferente da história contada por Geraldo Resende. Segundo a Prefeitura de Dourados, os leitos ainda não foram ativados porque Geraldo Resende mandou a estrutura incompleta.
Conforme a prefeitura, foram enviados pela Secretaria Estadual de Saúde os respiradores, mas faltaram os monitores. “Foram entregues simbolicamente e não de fato. Causa estranheza essa cobrança”, afirmou a assessoria de Alan Guedes.
A prefeitura anunciou que já acionou o Ministério Público para dar celeridade na abertura dos leitos no Hospital Universitário. “Como o secretário deve saber, para colocar leito de UTI em funcionamento precisa do monitor”, afirmou fonte ligada à saúde pública em Dourados.
Procurada pelo Dourados Informa, a assessoria de Geraldo Resende se limitou a dizer que a afirmação da prefeitura de que faltaram os monitores “não confere”.
Entretanto, material oficial divulgado quarta-feira (26) no site da Secretaria Estadual de Saúde deixa o HU/UFGD de fora a lista de hospitais que receberam os monitores, confirmando o que informou a Prefeitura de Dourados.
Veja o trecho do release da Secretaria Estadual de Saúde:
Equipamentos
Para a implementação desses leitos, desde o início da pandemia o Estado já repassou para Dourados os seguintes equipamentos - ventiladores de UTI: 15 para o Hospital da Vida; 10 para o HU; 17 para Hospital Evangélico; dois para o Hospital Santa Rita; e cinco para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Também para Dourados, foram enviados monitores multiparamétricos para o Hospital da Vida (15); Missão Evangélica Caiuás (1); Hospital Evangélico (3); foram entregues ainda 10 camas hospitalares para o Hospital da Vida, 40 bombas de infusão para o Município, e 25 aspiradores assim distribuídos: cinco para o Hospital Evangélico, 15 para a Secretaria Municipal de Saúde e cinco para a UPA.
O SAMU (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) de Dourados ainda recebeu dois cardioversores e o Município, um carrinho de emergência.
Agora à tarde, a assessoria de imprensa de Geraldo mandou outra nota informando que os equipamentos necessários para a montagem dos leitos foram entregues à UFGD no dia 17 de maio. Parte foi doada pela empresa Suzano Celulose e outra parte pela JBS.
“Poderiam perfeitamente ser utilizados na montagem dos 10 leitos de UTI pactuados com a Prefeitura de Dourados e a direção da Universidade Federal da Grande Dourados”, disse o secretário.
Entretanto, conforme explicou a assessoria, a direção do HU/UFGD não aceitou receber os monitores doados pela JBS, alegando preferência por equipamentos doados pela Suzano Celulose. (Texto alterado às 17h10 para acréscimo da nota da Secretaria de Saúde)
Maria de Lourdes de Souza Martins
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