 
            Durante o Outubro Rosa, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD/Ebserh) promoveu um episódio especial do podcast “Ensina Aí”, abordando o tema “Câncer de mama: o que você precisa saber”. A iniciativa buscou reforçar a importância da informação correta para a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento da doença.
Como complemento ao conteúdo apresentado no programa transmitido ao vivo em 21 de outubro pelo Youtube, foram reunidos alguns mitos e verdades sobre o câncer de mama, com o objetivo de esclarecer dúvidas e contribuir para a conscientização da população.
Assista ao podcast na íntegra e confira abaixo os principais mitos e verdades destacados pelo médico mastologista e ginecologista Dr. Evandro Cagnazzo:
O câncer de mama sempre causa dor
Mito. O câncer de mama geralmente não provoca dor nas fases iniciais. A ausência de dor não significa ausência da doença, portanto, qualquer alteração nas mamas deve ser avaliada por um médico.
Só mulheres mais velhas desenvolvem a doença
Mito. Embora o risco aumente com a idade, mulheres jovens também podem ser diagnosticadas. Fatores genéticos e hormonais podem contribuir para o surgimento do câncer em idades mais precoces.
Quem não tem histórico familiar está livre do câncer
Mito. A maioria dos casos ocorre em mulheres sem histórico familiar. Apenas cerca de 5% a 10% dos diagnósticos estão relacionados à hereditariedade.
O uso de desodorante antitranspirante causa câncer
Mito. Não existe comprovação científica que relacione o alumínio presente em desodorantes ao desenvolvimento da doença. O uso é considerado seguro, segundo a Anvisa e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pancadas no seio podem causar câncer
Mito. Uma pancada pode causar dor ou hematoma, mas não provoca o aparecimento do câncer. O que pode acontecer é que o trauma leve a mulher a perceber um nódulo que já estava ali.
Sutiã apertado causa câncer
Mito. O sutiã pode causar desconforto, mas não tem relação com o surgimento do câncer de mama. Essa crença é antiga e sem base científica.
Todos os nódulos são malignos
Mito. A maioria dos nódulos encontrados nas mamas é benigna, especialmente entre mulheres jovens. Ainda assim, é importante investigar qualquer alteração.
Prótese de silicone aumenta o risco de câncer
Mito. A prótese de silicone não causa câncer de mama. Existe um tipo raro de linfoma associado ao implante, mas é diferente do carcinoma mamário comum.
O tamanho dos seios interfere no risco
Mito. O tamanho da mama não influencia nas chances de ter câncer. O que importa é a quantidade de tecido mamário e os fatores genéticos e hormonais de cada pessoa.
Fazer autoexame substitui a mamografia
Mito. O autoexame ajuda na autopercepção das mamas, mas não substitui a mamografia, que é o exame capaz de identificar lesões ainda não palpáveis.
Outubro Rosa: Verdades sobre o câncer de mama
Agora que já desmistificamos alguns equívocos, é hora de destacar o que realmente é verdade. A informação correta é uma aliada poderosa para salvar vidas. Confira 10 verdades:
A mamografia é o principal exame de rastreamento
Verdade. A mamografia detecta tumores pequenos, aumentando as chances de cura. O exame é indicado anualmente para mulheres a partir dos 40 anos ou conforme recomendação médica.
Amamentar ajuda a prevenir o câncer de mama
Verdade. A amamentação reduz a exposição a hormônios ligados ao desenvolvimento de tumores e ainda estimula a renovação celular das mamas.
Atividade física regular diminui o risco
Verdade. Praticar exercícios regularmente ajuda a controlar o peso, os hormônios e melhora o sistema imunológico, reduzindo o risco de desenvolver câncer de mama.
Uma alimentação saudável é fundamental
Verdade. Dietas equilibradas, com frutas, verduras e alimentos naturais, ajudam a proteger o organismo. O excesso de gordura e açúcar pode contribuir para o surgimento da doença.
O álcool aumenta as chances de câncer
Verdade. Mesmo pequenas quantidades de álcool podem elevar o risco. A recomendação é reduzir o consumo ou evitá-lo totalmente.
Fumar é um fator de risco
Verdade. O tabagismo é um dos principais fatores de risco para vários tipos de câncer, incluindo o de mama. Abandonar o cigarro é uma medida preventiva importante.
O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura
Verdade. Quando identificado no início, o câncer de mama tem até 95% de chance de cura, de acordo com o INCA. Por isso, a realização dos exames de rotina é essencial.
Homens também podem desenvolver câncer de mama
Verdade. Embora raro, o câncer de mama também acomete homens, especialmente aqueles com histórico familiar da doença ou alterações genéticas.
O câncer de mama tem tratamento e cura
Verdade. Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria dos casos tem cura. O acompanhamento médico é essencial em todas as fases da doença.
Desodorante pode causar câncer de mama
Mito. Estudos demostram que a axila pode absorver os componentes dos antitranspirantes, como o alumínio, que se alojam nas mamas. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que não existe comprovação científica de que a formulação contribua para o desenvolvimento do câncer de mama.
Atividades físicas ajudam na prevenção do câncer de mama
Verdade. Segundo o INCA, a obesidade e o sedentarismo estão ligados ao risco de desenvolvimento da doença3. Por isso, a prática regular de atividades físicas, sendo no mínimo 150 minutos por semana, pode diminuir o risco do câncer de mama.
Câncer de mama só aparece em quem tem histórico familiar
Mito. As estatísticas mostram que apenas 10% dos casos têm origem hereditária, de acordo com dados do INCA4. Ou seja, as medidas preventivas são essenciais para qualquer pessoa. “Apesar disso, o histórico familiar influencia quando o parentesco é de primeiro grau, ou seja, se a mãe, a irmã ou a filha foram diagnosticadas. E ainda mais quando o tumor apareceu antes dos 40 anos. Nesse caso, a mulher deve redobrar a atenção e procurar o médico para a orientação da conduta adequada.
Mulheres mais velhas têm maior chance de desenvolverem o câncer de mama
Verdade. Segundo a organização americana Breast Cancer5, dois em cada três casos de câncer de mama ocorrem em mulheres acima dos 55 anos de idade. Ou seja, há uma relação direta entre a idade e o desenvolvimento da doença. Porém, o rastreamento e a prevenção da doença devem ser feitos antes dessa idade.
Quem faz autoexame não precisa fazer a mamografia
Mito. Embora o autoexame seja um aliado, nem sempre o nódulo é palpável, pois depende da sua localização e extensão. Ademais, o chamado “caroço no seio” não é o único sinal do câncer de mama. Por isso, mesmo que seja desconfortável, a mamografia é fundamental para o diagnóstico precoce. “O exame analisa microcalcificações, nódulos menores e irregularidades no entorno da mama. Além disso, é ideal que todas as mulheres, sobretudo as de 40 anos ou mais, façam o exame anualmente. No Brasil, há uma lei federal que garante esse direito.
Amamentar diminui o risco de câncer de mama
Verdade. Durante a produção de leite as células mamárias se multiplicam em menor quantidade, reduzindo o risco da doença. “Fora isso, a amamentação diminui o número de ciclos menstruais e, por consequência, diminui a exposição da mulher a certos hormônios que podem estar ligados a tumores, como o estrogênio”.
Todo caroço na mama é início de um câncer
Mito. Os nódulos mamários são comuns e a maioria é benigno, ou seja, não se desenvolvem em câncer. Ainda assim, se notar o surgimento de um nódulo novo, este deve ser avaliado em consulta.
A alimentação pode influenciar no risco para câncer de mama
Verdade. Existem sugestões e recomendações de estudos que uma dieta mediterrânea baseada em legumes, vegetais, frutas e fibras, tudo isso pode ajudar na diminuição do risco futuro de câncer, enquanto uma dieta, por exemplo, com gordura trans e/ou saturadas, carnes processadas, embutidos, bebidas alcoólicas pode aumentar o risco para câncer, inclusive o câncer de mama.
O exercício físico ajuda durante e após o tratamento do câncer de mama
Verdade. O exercício diminui o risco de câncer de mama e ajuda a diminuir recidiva nas pacientes que tiveram a doença. Durante o tratamento, seja medicamentoso, como quimioterapia ou hormonioterapia, também previne os efeitos das medicações. Então, o exercício físico é muito importante.
Terapia de reposição hormonal (TH) pode causar câncer de mama
Aqui é preciso analisar caso a caso. A literatura científica diz que a terapia de reposição hormonal somente com estrogênio, e por um período de tratamento menor que cinco anos, não está associada ao risco de câncer de mama. Vale dizer que a TH deve ser realizada de forma individualizada e quando os benefícios superam os riscos.
Mulheres que fizeram quimioterapia ficam inférteis
Depende. Mulheres que fizeram quimioterapia podem ficar inférteis, o que não significa que, de fato, ficarão. Veja, a quimioterapia atua nos folículos ovarianos, diminuindo o número de folículos. Então, a paciente que está perto da menopausa, provavelmente, vai entrar na menopausa; a paciente mais jovem, provavelmente, vai voltar a ciclar e menstruar; já a paciente que está por volta de 40 anos pode ou não entrar na menopausa. Existe o risco de, mesmo numa paciente jovem, a quimioterapia agir diminuindo drasticamente o número de folículos e ela, sim, se tornar infértil.
Minha mãe teve câncer de mama, então terei também
Mito. A filha de uma paciente com câncer de mama tem aumento de risco de desenvolver a doença, mas não quer dizer que vai desenvolver a doença. O câncer é uma doença multifatorial. A história familiar e algumas mutações genéticas podem ser fatores de risco, mas o estilo de vida deve ser considerado.
Mamas densas “mascaram” lesões na mamografia, reduzindo sua sensibilidade
Verdade. Mamas densas podem mascarar lesões na mamografia, por isso que uma paciente com essa característica deve fazer também exame de rastreamento com ultrassonografia mamária, ou em casos especiais, a ressonância magnética.
