Erro médico provocou infecção grave, obrigou nova cirurgia e obriga paciente a usar bolsa de colostomia
A indígena Nayara Arce de Souza, da etnia guarani-kaiowá, passou quatro meses com uma gaze esquecida dentro do corpo após passar por cesariana no HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados).
De acordo com o Campo Grande News, o erro provocou uma infecção grave, obrigou nova cirurgia e deixou a paciente com o intestino exposto e com o uso de bolsa de colostomia. Os médicos ainda não sabem se o uso será permanente.
O caso veio a público nesta segunda-feira (20) após nota oficial divulgada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Dourados.
Segundo o conselho, desde o parto, Nayara enfrentava dores intensas, febre e infecções recorrentes, sem saber a causa. Só após uma nova internação de emergência, o corpo estranho foi identificado. O material esquecido provocou inflamação severa e comprometimento intestinal.
Em nota de repúdio, o conselho classificou o episódio como violência obstétrica e institucional. O documento afirma que houve “graves negligências médicas durante e após o parto” e cobra investigação imediata dos fatos e responsabilização dos profissionais envolvidos.
“O esquecimento de uma gaze cirúrgica dentro do corpo da paciente é um erro médico inadmissível, que poderia ter sido evitado com protocolos básicos de segurança”, diz a nota assinada pela presidente do Conselho, Glivane Bezerra da Silva Dias.
O conselho também pede que as autoridades de saúde, o Ministério Público e a Defensoria Pública adotem medidas urgentes para prevenir casos semelhantes, com capacitação obrigatória de profissionais e atendimento humanizado a mulheres indígenas.
Em nota encaminhada ao site da Capital, o Hospital Universitário da UFGD, vinculado à Rede Ebserh, informou que, ao tomar conhecimento do caso, adotou providências para garantir os cuidados integrais à paciente.
A instituição disse que os protocolos e fluxos assistenciais são constantemente revisados e aprimorados, e que o caso está sendo acompanhado “com prioridade pelas comissões competentes e pela corregedoria”.
“O HU-UFGD lamenta profundamente o ocorrido, manifesta solidariedade à paciente e seus familiares e reafirma seu compromisso com a transparência, a segurança e a assistência humanizada que garanta a integridade e o respeito a todos os pacientes”, diz o hospital.